Bolsa troca indicador Boi Cepea/B3 por Boi Datagro para liquidação de contratos futuros
Novo indicador de preços de boi gordo adotado pela B3 já vale para contratos futuros com vencimento em fevereiro
Os contratos futuros de boi negociados na Bolsa do Brasil, a B3, terão a partir de agora o Indicador Boi DATAGRO como referência para liquidação. A adoção do novo Indicador já foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, e será utilizado para liquidar os contratos futuros a partir de fevereiro de 2025. Permanece ainda válido o Indicador Boi Cepea/B3 na liquidação dos contratos com vencimento em novembro, dezembro e janeiro, como informou a B3 em Ofício Circular.
O novo indicador boi adotado pela bolsa brasileira, o Boi Datagro foi criado em 2019. Segundo a empresa, recebe atualmente informações de mais de um milhão de cabeças de animais reportados na média mensal, o que é uma amostra de mais de 60% do abate nacional. E, para atender as regras dos contratos futuros de boi gordo da B3, comprovou amostras de representatividade acima de 60% do abate no no Estado de São Paulo.
O que é o indicado boi Datagro – Com metodologia própria, análise e auditoria de especialistas, o indicador Datagro cruza informações voluntárias de milhares de pecuaristas, incluindo os maiores confinamentos do país e indústrias frigoríficas. Desenvolvido para subsidiar o mercado brasileiro com os preços de referência da arroba do boi gordo nas principais praças de comercialização do Brasil, é resultado de uma coleta dados que, obrigatoriamente, devem trazer número de animais do lote, preços da arroba negociada, a data do negócio e do abate, prazo de pagamento, estados de origem e destino dos abates, ou todos os atributos que envolvem a negociação, disponíveis para consulta no site da empresa. “É uma ferramenta transparente e independente, que consegue refletir, de maneira assertiva, a realidade do mercado”, diz João Otávio Figueiredo, head de Pecuária da Datagro.
Críticas dos pecuaristas nos últimos anos – Nos últimos 15 anos eram frequentes as críticas de pecuaristas de São Paulo e de diferentes regiões do Brasil encaminhadas a antiga BM&F (depois BM&FBovespa e hoje B3) Argumentavam que a metodologia utilizada para elaboração do Indicador Boi Gordo feito pelo Cepea, da Esalq-USP-- utilizado pela bolsa brasileira – já não refletia mais a realidade das negociações do mercado físico de boi gordo. Nos últimos anos as críticas dos pecuaristas deixaram os bastidores e, na falta de grandes mudanças, a substituição do Indicador Cepea/B3 se mostrou inevitável.
Ao comentar sobre o assunto, a head de produtos de commodities da B3, Marielle Brugnari, lembrou que o volume dos contratos de boi gordo quase triplicou entre 2018 e 2024 e, atualmente, 45% dos investidores são pessoas físicas. “O mercado ainda tem potencial para crescer muito mais e a escolha do indicador é de extrema importância para fomentar a negociação dos ativos e gerenciar riscos”, justificou ela.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.