Cai a produção brasileira de trigo EM 2024, mas preço ao consumidor não se altera
Colheita no Brasil será 7% menor em 2024/2025 e o país importará cerca de 6,5 milhões de toneladas
O Brasil produzirá menos trigo este ano e deverá importar pelo menos 6,5 milhões de toneladas para atender a demanda do mercado interno. Os preços ao consumidor, no entanto, devem permanecer estáveis, pelo menos nos próximos meses, informam os consultores da StoneX - uma das mais conhecidas consultorias de agronegócio do mundo --, que revisaram para baixo as estimativas para a produção brasileira na safra 2024/2025.
A seca prejudicou o potencial produtivo no Paraná e em São Paulo, exigindo uma reavaliação das estimativas este mês. Ao analisar dados recentes, a StoneX constatou redução de 5% na produção em relação à previsão divulgada no mês anterior. Os novos dados indicam que a safra brasileira em 2024/25 estará próxima de 7,5 milhões de toneladas, cerca de 7% menos do que o país colheu no ano passado.
No Paraná a produção estimada foi reduzida para 2,47 milhões de toneladas, 33% abaixo do ano passado. Em São Paulo, a consultoria apontou produção de 264 mil toneladas, o que representa um recuo de 27% em relação ao mês anterior e queda de 35% frente a do ano passado. Em Goiás, por exemplo, a produtividade caiu de 6 para 4 toneladas por hectare. Mas “se a seca reduz a produtividade das lavouras, contribui na melhoria da qualidade do trigo”, diz o consultor Jonathan Pinheiro. O cereal brasileiro tem apresentado qualidade superior este ano.
Dependentes de trigo importado – Como o mercado brasileiro é dependente de trigo de outros países (consumo estimado em até 14 milhoes de toneladas), a queda de produção exigirá que o país importe 14% mais este ano, algo como 6,5 milhões de toneladas, para atender o mercado interno – 80% adquirido da Argentina, e o restante de outros países como Uruguai, Paraguai e da Rússia. O volume de compra no Exterior somente será menor se tudo correr bem nas lavouras do Rio Grande do Sul.
A produção gaúcha tem qualidade elevada e deverá abastecer outros estados brasileiros. Se a demanda interna for atendida pelo trigo gaúcho, a importação tende a diminuir. “Por isso, será importante continuar monitorando o andamento da safra do Rio Grande do Sul, especialmente porque ela se encontra em uma fase crucial e já enfrentou desafios devido ao excesso de chuvas”, diz relatório da Stonex.
Atenuando a queda da produção, o Brasil deve diminuir as exportações de trigo em mais de 46%, com embarques recuando de 2,5 para 1,5 milhão de toneladas, quando comparado ao volume exportado na safra passada. No entanto, a relação oferta e demanda está justa, principalmente pelo uso de trigo para ração e sementes.
“Os preços podem oscilar, mas não alteram muito os custos e nem respingam no consumidor brasileiro”, diz Jonathan, lembrando que atualmente os brasileiros pagam um pouco menos pela farinha do que no ano anterior, quando a quebra de safra impulsionou os preços.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.