Cotação do boi sobe e a carne no atacado tem o preço mais alto dos últimos 3 anos
Forte demanda mundial por carne bovina valoriza o boi brasileiro, em alta nos últimos meses
Os preços das carnes em geral aumentam mais para o consumidor neste fim de ano, puxados pela carne bovina. Apesar disso, o consumo dos brasileiros também se mantém firme, mesmo com essas elevações. Os preços do boi, das vacas e até dos bezerros – os chamados animais de reposição -- não param de subir há pelo menos três meses, impulsionando os preços de todas as carnes. A carne bovina com osso no atacado da Grande São Paulo -- já descontada a inflação -- é o maior em mais de 3 anos e meio, constatam os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP.
A chamada carcaça casada de boi valorizou quase 7%, negociada à média de R$ 23,43 por quilo à vista na semana passada. A carne de vaca (novilha) tem alta ainda maior e ficou 8% mais cara na primeira quinzena de novembro, a R$ 22,29 por quilo à vista.
“O mercado pecuário está realmente aquecido”, reconhecem analistas de consultorias privadas, assim como os pesquisadores do Cepea. A exportação foi recorde em setembro, já superada em outubro, e o preço da carne em novembro já está acima dos meses anteriores. Os aumentos são globais, estimulando as exportações e o pecuarista brasileiro, que aproveita o ciclo de produção mundial e o aumento da demanda global incrementa a produção, investe em produtividade, enquanto aguarda uma possível mudança desse quadro mais à frente.
Na semana passada, dados do IBGE confirmavam crescimento no abate de animais. O “número de animais que foram para os frigoríficos”, segundo o IBGE, aumentou 3,7% no terceiro trimestre em relação a abril, maio e junho. E contando os abatedouros com inspeção municipal, estadual e federal, o país abateu 10,33 milhões de cabeças em julho, agosto e setembro, acima das 9,96 milhões no segundo trimestre de 2024. Com isso, nesse período a “produção de carne bovina” aumentou 6,3% sobre o trimestre anterior e 14,3% no comparativo com o mesmo período do ano passado, dizem pesquisadores do Cepea/USP.
ALTAS DIÁRIAS NO CAMPO – Os frigoríficos buscam animais para atender clientes do mercado interno (com varejistas refazendo estoques para as festas de fim de ano), e cumprir contratos de exportação, mas encontram dificuldade em alargar as escalas de abate. Com isso, a indústria tem sido agressiva nas compras de balcão (o mercado spot) e os preços do gado vivo sobem dia-a-dia.
O preço médio da arroba do boi gordo no estado de São Paulo – referência para o mercado brasileiro – já passou de R$ 344,00, com o Indicador Boi do Cepea/B3 em alta de quase já 7% na semana passada. De agosto para cá, a alta é superior a 46%, ou quase R$ 107,00 a mais por arroba, e há informações indicando que parte das compras ocorrem com preços bem acima da média. Na B3, os contratos futuros de Boi Gordo com vencimento em dezembro também ultrapassam R$ 344,00 a arroba.
Estimulados pela valorização animal, os pecuaristas aumentaram a produção: entre julho, agosto e setembro, ofertaram 370 mil animais a mais que no trimestre anterior, informou o IBGE. Mas a exportação retirou boa parte da carne bovina produzida no país.
OUTRO RECORDE DE EXPORTAÇÃO – Os frigoríficos exportaram 42% mais carne (in natura e processada) em outubro deste ano que no mesmo mês de 2023. No comparativo anual, o volume nos 10 primeiros meses de 2024 é 29% maior, próximo de 2,4 milhões de toneladas.
Este ano, segundo cálculos do Cepea, com a venda de todo esse volume de carne bovina, os exportadores brasileiros receberam mais de US$ 10,5 bilhões, ou 22,6% mais sobre o valor do mesmo período de 2023. Considerando o câmbio -- já que quem exporta vende em dólar, mas recebe em real – o crescimento da receita chega a 29%, mesmo crescimento do volume de embarques.
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