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Trilha do Agro

Oferta de ovos cresce, mas consumo não acompanha e preço na granja recua

Baixa nos preços dos ovos continuam em setembro e devem persistir até fevereiro de 2025

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

Setembro começou com preços em queda

A volta às aulas e a temperatura mais amena não aqueceram a demanda por ovos no país como esperavam os avicultores em agosto. Os preços pagos ao produtor cederam e o mês terminou com aumento dos estoques.

No último dia de agosto, em Santa Maria de Jetibá (ES), a caixa de 130 dúzias era negociada em média a R$ 121,64, queda de 0,58% em um dia. E em Bastos (SP) – grande produtora do estado de São Paulo – a caixa era cotada em média a R$ 123,68, segundo Cepea/USP.

Setembro começou com preços em queda. Em São Paulo, 360 ovos a granel tipo extra branco na granja - que no início do ano era comercializado a R$ 142,00 - terminou agosto a R$ 106,00, e no primeiro dia de setembro recuava a R$ 103,00, segundo a Jox, consultoria especializada em mercado de ovos.

Em Belo Horizonte (MG), em agosto os preços médios no atacado da caixa de ovos brancos tipo extra recuou de R$ 118,00 para R$ 112,00, e no primeiro dia de setembro já caia para R$ 109,00.


“As perspectivas para preços pagos aos produtores são pouco animadoras durante este segundo semestre”, diz Jefferson Pinesi, da AJA, empresa atacadista de ovos com quase quatro décadas atuando no mercado.

Aliás, “essa queda nos preços já era esperada pelo avicultor”, admite a presidente do Sindicato Rural de Bastos, em São Paulo, Cristina Nagano.


Também produtora na região, onde avicultores de 11 municípios respondem por quase 15% da produção nacional de ovos, Nagano diz que os preços estarão sob pressão até fevereiro do ano que vem.

“Hoje, o produtor de ovos está quase empatando despesas com receita”, comentou. Se a oferta aumentou, a demanda não acompanhou.


Estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal, a ABPA, indicavam aumento de 8,5% na produção brasileira de ovos em 2024, quando comparada a do ano passado - algo próximo de 57 bilhões de unidades, bem superior aos 52,4 bilhões de unidades de 2023. Aliás, um aumento que continuará ano que vem. A produção de ovos em 2025 deve atingir 57,5 bilhões de unidades, ou 1% a mais em relação a 2024.

Mais galinhas produzindo

O alojamento de poedeiras cresce ano após ano no país. Se em 2022 foram alojadas quase 114 milhões de galinhas, em 2023 já eram mais de 130 milhões. Nos primeiros sete meses deste ano, estimativas indicam mais de 81 milhões de aves sendo alojadas.

“Por isso, não é possível diminuir a oferta de ovos rapidamente. Essa oferta atual é resultado de alojamento de poedeiras iniciado quase dois anos atrás, e as granjas estão em operação. É um trem que não pode parar de uma hora para outra”, explica Pinesi.

A produção de ovos, sempre é bom lembrar, é diária e constante, em granjas com espaços restritos, exigindo comercialização rápida, pois o tempo de “prateleira” de um ovo normalmente não deve passar de 30 dias.

Quanto ao consumo, uma incógnita. A expectativa de que o consumo per capita no Brasil saltaria de 242 para 263 ovos por habitante/ano em 2024 – pelo menos por ora – não avançou tanto. “A demanda por ovos só crescerá com preços mais baixos, atraindo o consumidor... É esperar que a oferta se ajuste ao mercado consumidor”, acredita Jefferson Pinesi.

Sem a alternativa de exportação

A produção de ovos no Brasil é praticamente toda destinada ao mercado interno. Diferentemente do que ocorre com frango brasileiro, por exemplo, que tem grande aceitação no mercado mundial e contribui para manter o mercado equilibrado, as exportações brasileiras de ovos são muito pequenas.

No ano passado, auxiliado por maior demanda internacional por conta de gripe aviária em vários países, o Brasil embarcou cerca de 25,4 mil toneladas. Mas este ano exportação será 20% menor, um recuo para 20 mil toneladas.

As vendas externas só terão algum avanço em 2025, na melhor das hipóteses, para 22 mil toneladas. Mas avançar no mercado internacional não se mostra tão simples. “Como há forte demanda por proteína e a produção de ovos exige área pequena, muitos países estimulam a produção interna para que se mantenham abastecidos”, lembra Nagano.

Neste cenário, com oferta crescente, limitações na estocagem, baixo volume de exportação e com produto “perecível”, resta ao avicultor administrar com cuidado a granja, suportando os períodos de baixa nos preços. Enquanto isso, o consumidor aguarda que essa queda de preços chegue às gôndolas dos varejistas.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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