Copom deve elevar de novo taxa de juros em reunião que inicia nesta 3ª
Especialistas do mercado financeiro esperam alta de 0,75 ponto percentual na Selic, seguindo movimento iniciado em março
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
A Selic (taxa básica de juros) deve manter a trajetória de alta, iniciada em março, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) que começa nesta terça-feira (4) e termina amanhã.
Em março, a Selic passou de 2% para 2,75% ao ano, interrompendo uma série de quedas registrada desde julho de 2015, com uma sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.
Analistas dão como certa alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros no anúncio de quarta-feira.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), é um dos especialistas que acredita no aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, passando de 2,75% para 3,50% ao ano.
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Oliveira já havia sinalizado que o Copom iniciaria uma trajetória de alta a partir de março.
Apesar de a expectativa de aumento, levantamento feito pela Anefac aponta que a alteração terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito.
Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 95,34% ao ano provocando uma variação de mais de 3.300% entre as duas pontas, segundo o estudo.
Exemplo:
Selic a 2,75%
Se tomarmos como base um empréstimo pessoal de R$ 5 mil feito em 12 vezes num banco. Por conta da Selic a 2,75% ao ano, a taxa mensal praticada pela instituição seria de 3,27%. Ao final das 12 parcelas de R$ 510,44, o consumidor pagaria R$ 6.125,29
Selic a 3,50%
Com a elevação da Selic a 3,50% ao ano, a taxa mensal passaria a 3.33% e o valor das parcelas a R$ 512,26%. Ao final do financiamento, o valor total seria de R$ 6.147,08. Ou seja, uma diferença de R$ 21,79.
Para Oliveira, o que deve começar a influenciar na alta dos juros são:
• Crescimento da inadimplência por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas) e redução do valor do auxílio emergencial;
• Aumento do desemprego; e
• Elevação dos juros futuros;
Outro que acredita na elevação de 0,75 ponto percentual é Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Para o economista, após esta reunião deverão ocorrer mais duas elevações de 75 pontos cada.
“Assim, espera-se que a Selic chegue a 5% ao ano. Tal patamar deverá ser praticado ao longo dos 12 meses seguintes, passando a elevação até 6% apenas no último trimestre de 2022”, diz.