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Manifestações 2.0: redes sociais fizeram mundo virtual "desaguar" sobre realidade

Para professor, anonimato na internet abriu porta às manifestações do junho

Retrospectiva 2013|Do R7

Mais do que servir como um “muro das lamentações” virtuais, as redes sociais, os smartphones e a internet foram cruciais ao fluxo de informação que inflamou os protestos
Mais do que servir como um “muro das lamentações” virtuais, as redes sociais, os smartphones e a internet foram cruciais ao fluxo de informação que inflamou os protestos

Para o professor de comunicação da USP (Universidade de São Paulo) Eugênio Bucci, as redes sociais - fundamentais nas manifestações de 2013 pelo Brasil - fizeram o mundo virtual "desaguar" sobre a realidade.

— O que nós vimos nas manifestações, principalmente de junho, foi um desaguar do mundo virtual sobre a realidade. Aquilo que era falado nas redes sociais ganhou materialidade.

Para o professor, as formas com que os cidadãos se comunicam nas redes sociais fizeram com que os movimentos surgissem na cidade com aparência espontânea, o que fez com que muitos pensadores avaliassem os movimentos fossem desorganizados e "do nada" no sentido de acontecerem seu um amadurecimento clássico.

— Por isso, muitos as viram como espontâneas, como se tivessem caído do céu, pois não tiveram o amadurecimento clássico, passando por debates nas instituições e nas organizações sociais.


Nas redes, as reivindicações variavam do pedido de instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os gastos com a Copa do Mundo de 2014 a críticas a um projeto de "cura gay" patrocinado pelo presidente da Comissão de Direitos da Câmara, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Além disso, as demandas virtuais incluíam a rejeição à PEC 37 (Proposta de Emenda Constitucional), que restringia o poder de investigação do Ministério Público, e a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado.

Contudo, mais do que servir como um “muro das lamentações” virtuais, as redes sociais, os smartphones e a internet foram cruciais ao fluxo de informação que inflamou os protestos, que contavam com a proteção do anonimato. Segundo Eugênio, as tecnologias digitais abriram portas a manifestações individuais que poderiam não aparecer diante de uma situação em que os autores fossem identificados.


— O anonimato, muitas vezes, é uma questão de segurança.

Não por acaso, um dos movimentos mais ativos na rede leva justamente o nome de Anonymous.


Anonimato na web, nas ruas e no Congresso

O professor observa que ao desaguar na realidade, o anonimato passou a fazer parte das manifestações com sinais de violência.

— O primeiro sinal de violência anônima foi da polícia. A polícia também era anônima, afinal, pois não se sabia quem era o policial que atirou com a bala de borracha. Depois, outro fator foram os Black Blocs, que são mais um, mas não o principal fator da violência. Mas o pior dos anonimatos (em 2013) foi o das instituições públicas, como quando os congressistas, por meio do voto secreto, ficaram a favor do deputado Natan Donadon.

Manifesto por streaming

Por todo o Brasil, a parceria smartphones-internet proporcionou ângulos diferentes dos acontecimentos. Um dos exemplos claros da cobertura dos internautas é o vídeo de um policial que foi flagrado destruindo o vidro da própria viatura, durante os protestos pelo aumento das tarifas do transporte público em São Paulo.

Doutor em Sociologia e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Victor Aquino explica o engajamento 2.0 dos brasileiros:

— É a tecnologia facilitando um objetivo comum. As pessoas ainda não tinham se reunido porque elas dependiam de outro tipo de recurso: os panfletos, aquela coisa de ficar convidando para as pessoas irem. Hoje, todo mundo está online. Todos sabem o que está rolando. Aí, com uma proposta objetiva, essa tecnologia encurtou a forma de protestar. A rede social em si não é o instigador, o incentivador das manifestações. É apenas um recurso. Só que é um recurso fantástico, que põe todo mundo em sintonia.

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