Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Apenas quinze pessoas dão o último adeus a Norma Bengell; ausência de artistas revolta cineastas

"É uma injustiça [...] alguém como ela terminar desse jeito", protestou Luiz Carlos Barreto em cremação

Rio de Janeiro|Rodrigo Teixeira, do R7 no Rio

Cerimônia de despedida contou com apenas 15 pessoas. Na ponta do caixão, Luciane Marques, que cuidou de Norma nos últimos cinco anos. De terno, o cineasta Luiz Carlos Barreto
Cerimônia de despedida contou com apenas 15 pessoas. Na ponta do caixão, Luciane Marques, que cuidou de Norma nos últimos cinco anos. De terno, o cineasta Luiz Carlos Barreto

Norma Bengell foi cremada nesta quinta (10) no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, sem a presença da classe artística. Aliás, o abandono dos amigos famosos era reclamação constante dela nos últimos dias de vida. Na cerimônia de despedida, apenas quinze pessoas estavam presentes na capela onde se rezou um Pai Nosso seguido de uma salva de palmas. Os únicos colegas de profissão no local eram os cineastas Luiz Carlos Barreto, Roberto Faria e Paulo Thiago, que estavam revoltados com tamanho desprestígio.

VEJA FOTOS DA CERIMÔNIA DE CREMAÇÃO DE NORMAL BENGELL

Barretão acredita que o abandono seja preconceito por conta dos problemas judiciais e financeiros que teve. Norma sofreu uma Ação Civil Pública depois que o Tribunal de Contas da União rejeitou a prestação de contas dos filmes O Guarani e Norma, sua autobiografia que não chegou a ser produzida.

— Quero protestar pela ausência de atores e atrizes aqui. E também de colegas diretores que trabalharam com ela nos anos 50 e 60. É um preconceito porque, em todas as notícias que saem na mídia, citam o que ela teve com o TCU, sendo que ela sempre foi inocente. Inclusive, ela provou que era inocente. Ela era uma artista e não entendia dessa burocracia, foi mal assessorada e não teve auxílio do governo.


Para o cineasta, todo esse problema das dívidas com o governo foi um dos motivos para a doença de Norma. 

— Ela sacrificou sua saúde, entrou em depressão e isso foi uma das causas de sua morte. Foi essa tristeza enorme que ela carregou por conta desse assunto. Foi uma injustiça, só num País como o nosso para alguém como ela, que fez o que ela fez, terminar desse jeito. Até os bens dela chegaram a ser bloqueados. Isso é um absurdo!


Paulo Thiago, que trabalhou com Norma no filme Vagas para Moça de Fino Trato, também se entristeceu com o descaso generalizado.

— Eu ainda espero que ela receba uma homenagem à sua altura. Não veio representante do cinema aqui, nem do Festival do Rio. Não vai existir uma atriz como ela e nem uma diretora desse nível. Ela prepara um filme autobiográfico chamado Norma, mas ela foi esquecida, os artistas não são valorizados nesse País. Nenhum ator que trabalhou com ela esteve aqui.


Leia também

Adeus

Norma Bengell morreu aos 78 anos em um hospital do Rio de Janeiro, onde estava internada desde sábado (5). Ela tinha câncer e infecção nos pulmões.

Foi uma das atrizes mais importantes nas décadas de 60 e 70 e revolucionou o cinema brasileiro ao protagonizar o primeiro nu frontal no País, em Os Cafajestes. Seu último trabalho na televisão aconteceu em 2009, quando atuou na série Toma Lá, Dá Cá, da Globo. Na Record, esteve no elenco da novela Alta Estação, no ano de 2006.

Sua estreia no cinema aconteceu em 1959, em O Homem do Sputnik. Também trabalhou como produtora, diretora e cantora. Participou de produções famosas como O Pagador de Promessas, O Deus do Amor e A Idade da Terra.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.