Após ser alvo de operação, Witzel se reúne com secretários no RJ
Em meio às investigações sobre fraudes em contratos da Saúde, a assessoria do governo disse que o encontro discutiu a reabertura da economia
Rio de Janeiro|Do R7
Após ter sido alvo da Operação Placebo, o governador Wilson Witzel se reuniu com secretários no Palácio Guanabara, zona sul do Rio, na tarde desta terça-feira (26).
Em meio às investigações sobre desvios de recursos da Saúde, a assessoria do governo disse que o tema do encontro foi a reabertura da economia fluminense. Entre os assuntos foram discutidas medidas de flexibilização para o próximo mês, levando em consideração a evolução de contágio do novo coronavírus no Estado.
Mais cedo, policiais federais estiveram em 11 endereços, entre eles a residência oficial do governador, para cumprir mandados de busca e apreensão no inquérito que apura fraudes em contratos para a compra de equipamentos e montagem de hospitais de campanha no enfrentamento da pandemia.
A Operação Placebo foi autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) devido ao foro privilegiado dos investigados. A Justiça autorizou a apreensão de celulares, notebooks, documentos e outros materiais com objetivo de impedir uma possível destruição de provas.
O ministro do STJ Benedito Gonçalves permitiu também a quebra do sigilo de dados obtidos e arrecadados. Na decisão, citou o MPF (Ministério Público Federal), que aponta “indícios de participação ativa do governador quanto ao conhecimento e ao comando das contratações das empresas [...], mesmo sem ter assinado diretamente os documentos”.
A Polícia Federal disse que ainda não há data prevista para o depoimento de Witzel, mesmo após a Justiça ter determinado a oitiva imediata do governador e de outros alvos da Operação Placebo.
Em um breve pronunciamento, Witzel se defendeu das acusações e declarou ser perseguido pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção. Todas as irregularidades foram investigadas e estão sendo apuradas por determinação minha. A busca e apreensão, além de ser desnecessária, é fantasiosa, não resultou em nada.”
Investigação
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o inquérito apura suspeitas de que uma organização social, contratada para fornecer o material necessário para o funcionamento de hospitais de campanha montados pelo governo estadual para atender pacientes com covid-19, fraudou documentos e superfaturou o valor dos insumos.
Ainda segundo a Procuradoria, a ação teria a participação de agentes públicos, incluindo gestores da Secretaria Estadual de Saúde, responsáveis pelo processo de compra.
A previsão orçamentária do estado era gastar R$ 835 milhões com os hospitais de campanha em um período de até seis meses. A suspeita é que parte desse valor teria como destino os próprios envolvidos. O esquema para viabilizar os desvios envolveria superfaturamento e sobrepreço, além da subcontratação de empresas de fachada.