Cabral diz que pedirá ajuda federal para segurança "quantas vezes for necessário"
Governo federal enviará Força Nacional e Forças Armadas para ocupar a Maré
Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse nesta terça-feira (25) que vai pedir ajuda federal para a segurança pública “quantas vezes for necessário”. A informação foi passada após Cabral ter sido perguntado se o pedido de ajuda feito, na semana passada, ao governo federal, não demonstra que a situação da violência saiu do controle do governo do Estado.
Os governos estadual e federal anunciaram na segunda-feira (24) que as Forças Armadas ocuparão o Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, por tempo indeterminado, após pedido do governo do Estado. O complexo de favelas — um dos maiores no Estado — ainda não recebeu nenhuma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Cabral acrescentou ainda que, ao pedir ajuda à União, na última sexta-feira (21), a presidente Dilma Rousseff disse que ajudaria “com enorme prazer”, pois reconhecia o que o governo fluminense havia conquistado nesses sete anos e que a política de segurança pública do Estado era “vitoriosa”.
O governador explicou que pediu ajuda por não ter atritos entre as esferas do governo. Ele também disse que vai pedir o apoio das forças federais sempre que necessário.
— Solicitamos agora e vamos solicitar quantas vezes for necessário, porque — ao contrário do que era hábito no Rio de Janeiro, em que as forças estaduais não falavam com as federais, que não falavam com as municipais e ficavam disputando protagonismo — no meu governo não tem disputa de protagonismo. Temos a visão de melhorar a vida do povo. Se eu tiver que pedir 20 vezes, 30 vezes o apoio das forças federais para apoiar a população do Rio na luta pela paz, eu farei.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participou da reunião em que ajuda do governo federal foi firmada e anunciou que a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Forças Armadas — essas últimas sob o comando do Ministério da Defesa — ficarão no Complexo da Maré por tempo indeterminado.
O objetivo dessa primeira etapa, segundo o ministro, é a ocupação territorial da Maré para preparação da pacificação, que deve ocorrer, segundo o governador, no segundo semestre.
— O prazo [para atuação das forças federais] será enquanto for necessário para o cumprimento dessa etapa inicial, que é a presença do Estado na Maré. (...) A presença do Estado na Maré veio para não mais terminar.
Cardozo: legado para Copa
Cabral solicitou à presidente Dilma Rousseff a chamada GLO (Garantia de Lei de Ordem). Isso porque, para que as Forças Armadas atuem em prol da segurança pública, é preciso legitimação jurídica. O pedido foi autorizado pela presidente Dilma.
O cronograma de ação assim como o número de agentes e armas destinadas à operação não foram divulgados. Segundo o governador do Rio, o cronograma de pacificação prevê chegada à Maré no segundo semestre.
— Isso é um passo decisivo. É uma estratégica para o Rio de Janeiro (...) Essa entrada [do Estado no Complexo da Maré] não tem mais saída. Nesse primeiro momento, com as forças federais, e, em seguida, com as Unidades de Polícia Pacificadora.
Segundo Cardozo, está sendo realizada uma avaliação conjunta dos órgãos de inteligência estadual e federal para o combate do crime organizado na Maré. As áreas técnicas se reúnem nesta segunda para definição tática.
Cabral ressaltou a importância estratégica da região, por onde passam as linhas Vermelha e Amarela, a avenida Brasil e futuramente o BRT Transcarioca, além de se localizar perto do aeroporto do Galeão.
A decisão de convocar as Forças Armadas foi tomada após série de ataques a UPPs da capital fluminense, sobretudo nos complexos do Alemão e da Penha. Cabral afirmou que a diferença da ocupação da Maré para a realizada, a partir de novembro de 2011, no Complexo do Alemão é que a pacificação desse último conjunto de favelas ainda não fazia parte do cronograma de pacificação do Estado.
Para o ministro Cardozo, o principal legado da Copa do Mundo na área de segurança pública será o apoio do governo federal aos Estados, superando eventuais entraves políticos.