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Deputados da Alerj requerem CPI para investigar água da Cedae

Presidente da Casa, André Ciciliano não instaurou CPI porque existem sete comissões abertas e outras na fila para serem instauradas

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

Deputados reuniram assinaturas para CPI da Cedae
Deputados reuniram assinaturas para CPI da Cedae

Deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) já conseguiram reunir 28 assinaturas requerendo a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os motivos que levaram à queda brusca na qualidade da água da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). O requerimento, que precisava de um mínimo de 24 assinaturas, foi protocolado na terça-feira (4), primeiro dia da nova legislatura, mas encontra resistência do presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), a quem cabe o poder de instaurar a CPI.

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A iniciativa foi do deputado Luiz Paulo (PSDB), logo apoiada por outros deputados.

“Precisamos ter um diagnóstico correto, levantar responsabilidades e propor soluções de curto e médio prazos. Temos um parque de geosminas [composto liberado por algas que dá sabor de terra à água] alimentadas por um sistema de esgoto que não existe [tratado] na maioria dos municípios, na bacia do Guandu e ao longo de todo o rio Paraíba do Sul”, explicou Luiz Paulo.


Outro signatário da criação da CPI, o deputado Carlos Minc (PSB), ex-ministro de Meio Ambiente no governo Lula e ex-secretário estadual do Meio Ambiente, considerou imprescindível a criação da comissão de inquérito.

“Já assinei e faço questão de depor. É um problema seríssimo, e antigo, a falta de saneamento e segurança hídrica. Temos que estudar isso a fundo”.


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A deputada Renata Souza (PSOL) defendeu uma investigação para saber como a Cedae foi parar nessa situação.

“Onde foi que erraram? Foi na retirada de 54 técnicos na mudança de gestão? Queremos investigar, pois a saúde das pessoas pode ser prejudicada. Deixaram sucatear para justificar a privatização”, apontou Renata.


O deputado Anderson Moraes (PSL) também defende a investigação para saber houve sabotagem.

“Nós queremos que a população passe a consumir uma água de qualidade e também desejamos saber se foi sabotagem, como disse o governador Wilson Witzel. Além disso, queremos que a população não pague pela água ruim que chegou nos seus lares”.

Governo

O secretário da Casa Civil do governo, André Moura, esteve na Alerj, representando o governador Wilson Witzel, e disse que o Parlamento era independente para decidir sobre a instauração da CPI:

“Vemos de forma respeitosa, como tem de ser. O Parlamento tem que ser respeitado e ele é soberano para decidir”.

O líder do governo na Alerj, deputado Márcio Pacheco (PSC), discordou da criação da CPI, dizendo que ela não é necessária.

“Não há nenhuma necessidade de que haja um palanque político para esse tipo de problema. Temos que evitar que a Cedae sirva de bandeira para se fazer debate político. A companhia precisa ser encarada com seriedade. O governador se colocou à disposição de fazer todas as mudanças necessárias. Não vejo necessidade de CPI, mas se a Casa assim entender, não vejo nenhum problema de se prestar as informações necessárias”, frisou Pacheco.

O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), evitou se posicionar contra ou à favor da instauração da CPI, dizendo que a Casa tem outros instrumentos que podem ser utilizados para a convocação do presidente da Cedae ou de qualquer outra pessoa ligada ao problema. Ele também lembrou que há outras CPIs já em funcionamento e que o regimento interno só permite a abertura de sete comissões ao mesmo tempo.

“Após o término das sete, ela entra naturalmente. Temos uma fila de CPIs e assim que ela for acabando, vamos respeitar. Têm outras na fila. O Parlamento tem vários instrumentos e um deles é a CPI. Não queremos fazer CPI por fazer. O que precisamos é resolver o problema da água. Vamos convocar o presidente da Cedae, chamar o presidente do sindicato dos urbanitários e o corpo técnico da Cedae, inclusive os funcionários que foram demitidos no início de 2019”, disse Ceciliano.

A crise na qualidade do abastecimento começou no início de janeiro e prossegue por mais de 30 dias, com a água apresentando forte sabor de terra, praticamente impossível de se consumir, forçando as pessoas a gastar com água mineral. O gosto é causado por um composto liberado por algas que se alimentam do esgoto jogado nos rios que vão desaguar na Estação Guandu, responsável pelo produção de água para cerca de 9 milhões de pessoas no estado.

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