‘Ela não precisava passar pela dor do outro para se comover', diz ex-companheira de Marielle
Mônica Benício foi a terceira testemunha a prestar depoimento no 4° Tribunal do Júri e concedeu declarações dolorosas no julgamento
Rio de Janeiro|Do R7
A ex-companheira de Marielle Franco, Mônica Benício, prestou depoimento durante o julgamento dos ex-policiais militares acusados do assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, na tarde desta segunda-feira (30).
Mônica falou sobre a sua relação com Marielle e destacou o quanto elas foram especiais uma para outra.
“Conheci a Marielle quando fiz 18 anos e lembro exatamente da primeira vez que olhei para ela. Depois daquele momento, a minha vida nunca mais foi a mesma. Mas lembro também do último segundo que a vi com vida.”
Ela declarou que Marielle era uma pessoa com um poder de empatia que ela nunca tinha visto antes. Segundo Mônica, a vereadora vivia a dor das pessoas com uma generosidade e solidariedade muito bonita, e, por isso, hoje se fala da política com afeto de Marielle.
“Marielle era a amiga que você poderia ligar de madrugada, pois sabia que ela iria atender. Ela não precisava passar pela dor do outro para se comover e tentar ajudar. Ela era uma pessoa muito explosiva, com muita energia, mas, ao mesmo tempo, muito afetuosa. Tudo para ela virava um grande evento”, disse a ex-companheira da vereadora.
Mônica, muito emocionada, disse que torce para que a justiça — aguardada há mais de seis anos — seja feita: “Não apenas pelo símbolo, mas para Marielle Francisco, defensora de direitos humanos, e Anderson, pai do Artur, marido da Ágatha, enquanto pessoas, para que a gente possa dar o exemplo de que crimes como esses não podem voltar a acontecer”.
Ela ainda falou que o recado que se passa enquanto não se faz a justiça é que existe “um grupo que pode assassinar como forma de fazer política e que isso não cabe em um estado democrático de direito”.