Em documento entregue a Lula, prefeitos do G20 pedem acesso direto a fundos de investimento
Texto pede US$ 800 bilhões por ano para combate a mudanças climáticas e destaca principais reivindicações em 40 pontos
Rio de Janeiro|Ana Isabel Mansur, enviada especial do R7 ao G20
Em documento final entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (17), o U20 — fórum que reúne prefeitos das principais cidades do G20, o grupo das 20 maiores economias mundiais — destacou a importância de autoridades locais terem acesso direto a fundos de investimentos globais.
O texto também pede US$ 800 bilhões por ano, até 2030, para projetos de combate às mudanças climáticas.
O comunicado elenca, em 40 pontos, os principais pleitos discutidos pelo fórum ao longo deste ano, durante a presidência brasileira do G20.
O documento é dividido em três partes e segue os três pilares da condução do Brasil do grupo:
- inclusão social e combate à fome e à pobreza;
- desenvolvimento sustentável e transição energética justa;
- e reforma de instituições de governança global.
Segundo o texto, a alocação de recursos é “um passo para estimular o investimento privado e melhorar a capacidade de acesso ao financiamento dos governos locais”.
“Isso inclui atribuição de pelo menos 40% do financiamento em ações climáticas locais que priorizem comunidades de baixa renda, bairros carentes e trabalhadores e outras pessoas em situação vulnerável, em conformidade com quaisquer políticas fiscais regionais ou nacionais relevantes”, continua.
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Para o prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes (PSD), o comunicado sugere a criação de um fundo garantidor, que “facilita a chegada dos recursos ao nível local. É um modelo mais objetivo, mas que vai usar as instituições financeiras internacionais”.
A entrega do documento a Lula foi feita por Paes, na cerimônia de encerramento do U20 no Armazém da Utopia, na zona portuária da capital fluminense. O texto propõe diminuir as desigualdades urbanas, repensar as cidades e enfrentar as mudanças climáticas.
‘Sociedades cada vez mais desiguais’
Em discurso no evento, Lula reforçou a luta global contra as desigualdades e voltou a defender a reforma de instituições multilaterais, como a Organização das Nações Unidas e o Banco Mundial.
Ele apontou que em sociedades cada vez mais desiguais, o lugar onde uma pessoa mora é determinante no seu acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à segurança pública.
“Um quarto dos habitantes do planeta vive em assentamentos precários. No Brasil, as mulheres negras são maioria nesses territórios. Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobra um número de vidas semelhante aos das guerras mais violentas”, destacou o presidente.
Na sequência, o presidente argumentou que as cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana e destacou que os municípios não podem ser negligenciados diante dos novos mecanismos de financiamento da transição climática.
“Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles”, acrescentou.