Estudo revela perfil dos jovens que entram para o tráfico no Rio

Os jovens estão entrando cada vez mais cedo para o crime organizado do Rio de Janeiro. É o que revelou uma pesquisa feita pelo Observatório das Favelas da Maré com 261 entrevistados que atuam ou atuavam no tráfico drogas e hoje cumprem medidas socioeducativas.

Os dados mostram que o número de traficantes que entram para o crime organizado com até 12 anos de idade dobrou nos últimos dez anos, saltando de 6,5% para 13%.

"Considerando que 10% declararam ter entrado depois de 18 anos, fica evidenciado que hoje é mais fácil para uma criança entrar para o tráfico de drogas no Rio de Janeiro do que para um jovem acima de 18 anos", explicou o diretor do Observatório, Jailson de Souza, em entrevista à Record TV.

Ainda segundo a pesquisa, mais da metade desses jovens estão fora da escola, sem perspectiva de emprego e não contam com a presença do pai na educação. Na maioria dos casos, são atraídos pela possibilidade de contribuir com a renda da família e ganhar dinheiro para alcançar um patamar de vida melhor. Cerca de 70% usam parte do dinheiro recebido para ajudar a família e 60% gastam para comprar roupas, por exemplo.

A pesquisa mostrou ainda que mais da metade dos entrevistados já entrou em confronto com a polícia ou com grupos rivais pelo menos cinco vezes e que todos têm medo de morrer.

Segundo o especialista em Segurança Paulo Storani, o Estatuto da Criança e do Adolescente precisa começar a desenvolver políticas públicas de prevenção.

"O estatuto só começa a olhar para essas crianças quando elas cometem atos tipificados como crime", defendeu Storani.

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa