Justiça autoriza transferência de Cabral por medida de segurança
Juiz Marcelo Bretas atendeu a um pedido da defesa, que alegou preocupação com a integridade física do ex-governador devido à colaboração com a Justiça
Rio de Janeiro|Bruna Oliveira, do R7
O ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral será transferido do Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste, para o BEP (Batalhão Especial Prisional), em Niterói, mesmo presídio onde está o aliado político Luiz Fernando Pezão. O juiz federal Marcelo Bretas atendeu, nesta quinta-feira (3), a um pedido da defesa de Cabral, que alegou preocupação com a segurança do ex-governador desde que ele passou a adotar uma postura de colaboração com a Justiça.
Os advogados destacaram que o ex-governador “tem confessado delitos sempre que interrogado, o que resta por desagradar inúmeras pessoas, inclusive dentro da própria unidade prisional".
Na decisão, Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio, concordou com os argumentos apresentados pelos advogados:
"Não obstante não haja certeza quanto à existência de riscos/ameaças à integridade física do requerente, entendo que a suspeita de eventuais riscos à segurança do preso, aliado ao temor relatado pelo acusado e a sua nova postura, são suficientes para justificar a transferência para outra unidade prisional".
Outro ponto destacado pela defesa é de que a legislação autoriza um tratamento especial a ex-chefes do Poder Executivo com objetivo de proteger a dignidade do cargo.
Neste caso, o juiz federal considerou que, por coerência, o acusado deveria ser levado para o mesmo presídio onde está o também ex-governador Luiz Fernando Pezão, preso na operação Boca do Lobo sob a acusação de dar continuidade ao esquema de corrupção do antecessor.
Por fim, os advogados pedem para que o cliente não seja transportado em viatura policial. No entanto, Bretas deixa esta decisão a cargo da Polícia Federal.
O MPF (Ministério Público Federal) não se opôs à transferência.
Sérgio Cabral já soma 11 condenações na Justiça por crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro, revelados pela operação Lava Jato. As penas já passam de 200 anos de reclusão.