A morte da menina Ágatha Félix, de oito anos, baleada no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, completa dois anos nesta terça-feira (21). O julgamento do policial militar Rodrigo José Soares, acusado de ser o autor do disparo, ainda não teve início.
A primeira audiência do caso havia sido marcada para abril do ano passado, mas acabou sendo adiada para novembro por conta da pandemia.
Na nova data, o cabo da PM alegou estar com covid-19 e, apesar de não apresentar atestado que comprovasse a doença, conseguiu que a audiência fosse novamente remarcada para abril deste ano. No entanto, a audiência foi mais uma vez adiada devido à pandemia e não possui previsão para acontecer.
Em entrevista ao Balanço Geral Tarde, o procurador Rodrigo Mondego afirmou que o inquérito investigativo da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro foram feitos com rapidez. Para ele, existem condições que permitem a realização da audiência em conforme com os protocolos sanitários.
Mondego revelou que o policial acusado ainda trabalha internamente na corporação e que a defesa requer o retorno dele às ruas e a recuperação do direito ao porte de arma.
A mãe de Ágatha, Vanessa Sales, disse ao Balanço Geral que seu "coração ficou despedaçado" após a morte da filha. Ela declarou também que os dois anos passados pareceram uma "eternidade" e questionou a lentidão do processo.
Ágatha Félix morreu em 21 de setembro de 2019, após ser atingida por um tiro de fuzil enquanto estava em uma kombi com a mãe no Complexo do Alemão. Ela era moradora da comunidade da Fazendinha, onde ocorria uma operação policial na ocasião.
A investigação da Polícia Civil concluiu que o tiro que matou Ágatha foi disparado por um policial militar. De acordo com o inquérito, ele havia tentado atingir suspeitos que estavam em uma moto, mas o tiro teria ricocheteado em um poste e vitimado a menina. Na divulgação do documento, o delegado Marcos Drucker destacou que os homens na moto não estavam armados.
Rodrigo José Soares se tornou réu por homicídio qualificado em dezembro de 2019. Na decisão, a juíza Viviane Ramos de Faria ressaltou que o policial efetuou disparos contra "pessoas que, a princípio, não representavam perigo aos agentes da segurança pública ou a terceiros, acabando por ceifar a vida de uma criança de apenas 8 anos de idade, deixando, inclusive, de prestar socorro a ela".
*Estagiário do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.