'O que choca é o jeito infantilizado', diz vítima de mulher presa por fingir ser criança para aplicar golpes
Suspeita já tinha passagem pela polícia de São Paulo, onde chegou a fazer exames para comprovar a idade óssea
Rio de Janeiro|Do R7, com Record TV Rio
Uma mulher de 42 anos foi presa por se passar por uma criança de 12 para aplicar golpes, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (29). Ela vai responder por estelionato, falsa identidade e falsidade ideológica.
Segundo as vítimas, ela dizia que tinha uma aparência de adulta porque era obrigada pelo pai a tomar hormônios para se prostituir no Nordeste. A mulher contava ainda que precisava de ajuda em razão de ter fugido para o Rio.
Sem desconfiar da história, uma voluntária procurada pela suspeita, que prestava atendimento em um projeto social em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, buscou a polícia para denunciar os supostos crimes.
Em entrevista ao Balanço Geral RJ, Viviane, que trabalha na ONG, disse ter pedido doações para ajudar a mobiliar uma quitinete para a suspeita, que afirmou, na ocasião, ter 18 anos.
"O que choca é que ela tem o jeito totalmente infantilizado. Se falasse uns 12 anos, eu não acreditaria, mas 15 ou 16, eu acreditaria. Ela não mudou um instante. Ela comprou um personagem, hoje eu entendo, e sustentou. Não entrou em contradição com a gente", disse.
Ao receberem a denúncia, os agentes da Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) souberam que a suspeita afirmava ter sido maltratada em uma delegacia de São Paulo.
Os investigadores entraram em contato com os colegas da Polícia Civil daquele estado e descobriram que a suspeita usava nome falso e já tinha anotação criminal. Lá, ela havia passado por exames para saber a idade óssea e acabou indiciada por falsidade ideológica.
A delegada Mônica Areal, da Deam de Nova Iguaçu, disse que a mulher tentou fugir ao perceber a chegada dela e negou os crimes ao ser confrontada.
"Ela pode até ter um distúrbio, não descarto, mas é para obter vantagens. Viviane [a vítima] é uma ótima pessoa e diz que ela não pediu dinheiro. Ela tem roupa, as melhores comidas — porque ela só queria um tipo de iogurte, de chocolate —, casa montada e celular na mão. Inclusive, a gente viu as pesquisas no celular dela: 'Como fazer desenhos de pessoas deprimidas'. Ela fazia para enganar as vítimas. 'Como imitar pessoas autistas'. Ela fazia para enganar. E, à noite, quando achavam que ela tinha crises de ansiedade, ela estava visitando sites pornográficos", disse a delegada.