Procuradoria investiga se suposta doação da Guiné Equatorial à Beija-Flor é lavagem de dinheiro
Escola de samba foi campeã do Carnaval com enredo sobre país africano
Rio de Janeiro|Do R7
A suposta doação de R$ 10 milhões para a Beija-Flor, que teria sido feita pela família que governa a Guiné Equatorial, está sendo investigada pelo MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro. De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, o caso “será analisado dentro do contexto” do procedimento investigatório criminal para apurar suspeita de lavagem de dinheiro por Theodore Nguema Obiang, filho do ditador daquele país, instaurado em setembro de 2013.
Segundo o documento, assinado pelo procurador da República Orlando Monteiro Espíndola da Cunha, Theodore Nguema Obiang tem patrimônio incompatível com salário de 3.300 euros, aproximadamente R$ 11 mil, que recebe como ministro das Florestas e Agricultura da Guiné Equatorial.
De acordo com a Procuradoria, no Brasil, o filho do ditador é proprietário de um tríplex no bairro nobre do Jardins, em São Paulo, adquirido por cerca de R$ 50 milhões, e também de um imóvel em Ipanema, no Rio, que custou aproximadamente R$ 80 milhões. Além disso, também é dono de 11 carros de luxo, como Ferraris e Porsches.
A investigação foi aberta após pedido de cooperação feito pelos Estados Unidos. Na ocasião, o MPF foi acionado para rastrear a possível entrada no Brasil de uma aeronave que pertenceria a Theodore Nguema Obiang, hoje vice-presidente da Guiné Equatorial, que está sob regime ditatorial. O avião não foi localizado.
A Beija-Flor, campeã do Carnaval 2015, gerou polêmica ao levar para a Sapucaí um enredo homenageando a Guiné Equatorial, governada há 35 anos por uma ditadura. A nação é rica em petróleo, mas possui indicadores sociais que lembram o Brasil dos anos 1960. Lá, mais de 70% da população vive abaixo da linha da pobreza.
A direção da Beija-Flor negou que o patrocínio para o Carnaval deste ano tenha vindo do governo da Guiné Equatorial. Na festa da vitória, o carnavalesco e presidente da Comissão de Carnaval da escola, Fran Sérgio, disse que o desfile foi custeado por empresas brasileiras que atuam no país africano. Para ele, “quem se incomoda com patrocínio é burro”.
Affair com rainha de bateria
Raíssa de Oliveira, rainha de bateria da Beija-Flor, confirmou que foi responsável por levar o polêmico enredo para a Beija-Flor, na última quarta-feira (18), durante a apuração das notas das escolas de samba do Rio. Ela contou que conheceu a comitiva da Guiné Equatorial em outros desfiles e sugeriu o tema para a escola. Além disso, a musa negou os rumores de que teria tido um relacionamento com Theodore Nguema Obiang.
— As pessoas falam muito. Não tenho envolvimento com ninguém.