Kathlen foi vítima da violência no RJ
Reprodução/Arquivo PessoalUm boletim elaborado pela Rede de Observatórios de Segurança, divulgado nesta terça-feira (14), revelou que o Rio de Janeiro foi, assim como em anos anteriores, o estado com o maior número de pessoas negras mortas pela polícia no Brasil em 2020.
De acordo com o estudo "Pele alvo: a cor da violência policial", 939 negros foram mortos em ações policiais no Rio, entre os 1.092 registros que tiveram a cor/raça informada.
A pesquisa comparou dados de seis estados: Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, que é o segundo em número de mortes, apesar de ser a unidade federativa mais populosa do país.
O Rio tem uma população composta de 51,7% de pessoas negras, de acordo com o estudo. Entre os mortos em ações policiais, essa população representa 86% do total.
A cidade do Rio também é a capital com a maior quantidade de negros mortos pela polícia, com 415 registros, de acordo com o boletim. O número corresponde a 90% do total de mortos em operações.
Os dados obtidos pela Rede mostraram que o estado teve, em 2020, uma redução de 31% nas mortes causadas por intervenção policial em relação a 2019. No entanto, o número é o terceiro maior da série histórica, de acordo com a pesquisa.
O estudo revelou, ainda, que a Bahia apresenta a maior letalidade de negros em ações da polícia, com 98%. Além disso, constatou que todos os mortos por agentes nas capitais Recife, Fortaleza e Salvador eram negros.
Em 2021, ações da polícia causaram mortes em diferentes locais do estado. Em maio, uma operação da Polícia Civil na comunidade do Jacarezinho, zona norte da capital, deixou 28 mortos, tornando-se a mais letal da história do Rio.
Em novembro, outra intervenção policial terminou com nove mortes no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana. Nesta terça, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro realiza uma reconstituição no local.
Nesta segunda (13), o MP-RJ denunciou cinco policiais por alteraram a cena do local onde a jovem Kathlen Romeu, de 24 anos, foi baleada no Complexo do Lins, também na zona norte do Rio, em junho. A morte da designer de interiores, que estava grávida de três meses, é investigada pelo MP-RJ, que apura a possibilidade de o tiro ter sido disparado por agentes do estado.
*Estagiário do R7, sob supervisão de PH Rosa