Caso Kathlen: MP denuncia cinco PMs por alteração da cena do crime
Segundo documento, agentes retiraram material e plantaram munição no local onde jovem morreu, no Complexo do Lins
Rio de Janeiro|Victor Tozo, do R7*
A 2ª Promotoria de Justiça do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou à Justiça Militar, nesta segunda-feira (13), cinco policiais militares por modificarem a cena do local onde a jovem Kathlen de Oliveira Romeu foi assassinada no dia 8 de junho no Complexo do Lins, zona norte do Rio de Janeiro.
Entre os acusados, estão um capitão da PM, um 3º sargento e três cabos. De acordo com a denúncia, o sargento e dois dos cabos retiraram, antes da chegada da perícia, o material que estava na cena do crime e incluíram 12 cartuchos deflagrados e um carregador de fuzil com 10 munições intactas, que foram posteriormente apresentados na 26ª DP (Todos os Santos).
O MP acrescentou que o capitão, devido a sua posição hierárquica e estando no local onde aconteceram os fatos, se omitiu quando tinha por lei o dever de vigilância sobre a ação de seus subordinados.
“Enquanto deveriam preservar o local de homicídio, aguardando a chegada da equipe de peritos da Polícia Civil, os denunciados o alteraram fraudulentamente, com a intenção de criar vestígios de suposto confronto com criminosos”, diz um trecho do documento.
O sargento e os cabos foram denunciados por duas fraudes processuais e dois crimes de falso testemunho. Já o capitão é acusado de cometer fraude processual na forma omissiva.
Relembre o caso
Kathlen Romeu, de 24 anos, foi atingida por um disparo durante um tiroteio enquanto visitava a avó no Complexo do Lins. Ela chegou a ser levada ao hospital Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. A jovem, que trabalhava como designer de interiores, estava grávida de três meses.
Na ocasião, a Polícia Militar informou que o confronto na região teve início depois que agentes da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Lins foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como Beco da 14.
Familiares de Kathlen e moradores da comunidade, no entanto, negaram a versão dada pela corporação e afirmaram que não havia conflito no momento que a jovem foi baleada.
Três dias após a morte da jovem, 12 PMs envolvidos no tiroteio foram afastados durante as investigações.
No mês passado, manifestantes se reuniram em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) para pedir a aprovação do projeto de lei Kathlen Romeu. A proposta demanda a proibição das "troias", que seriam tocaias realizadas por policiais durante operações.