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RJ: relatório aponta 30 tipos de violações de direitos na Intervenção

Entre as denúncias está o desrespeito durante as abordagens, inclusive a mulheres; estudo contou com 300 depoimentos de moradores

Rio de Janeiro|Juliana Valente, do R7*

Intervenção federal no RJ completou sete meses
Intervenção federal no RJ completou sete meses Intervenção federal no RJ completou sete meses

Trinta tipos de violações de direitos foram cometidas pelas Forças Armadas e pelas polícias durante a intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro. Esta constatação foi retirada de um relatório do Circuito de Favelas por Direitos divulgado nesta quinta-feira (27) e coordenado pela Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Estado do Rio.

“Entraram na minha casa, ligaram o ar-condicionado, comeram os danones dos meus filhos, levaram mil reais e ainda deixaram tudo revirado.”

Este é um dos relatos que faz parte do estudo, que colheu 300 depoimentos de moradores de 15 comunidades do Estado. Outra violação recorrente foi a invasão de dados de celulares.

Segundo o ouvidor-geral da Defensoria, Pedro Strozenberg, essas denúncias expõem o cotidiano perverso de medo e invisibilidade em que vivem as pessoas no Rio de Janeiro. Ele acrescenta ainda que “há um modus operandi na forma com que as comunidades são tratadas pelas forças de segurança”.

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Para a confecção do relatório, as comunidades foram escolhidas a partir das localidades historicamente mais afetadas pela violência das forças de segurança e aquelas que são, recentemente, alvo de operações policiais.

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“Falta tudo, falta luz, falta água, falta professor e médico; só não falta polícia”, diz um dos relatos.

De acordo com a Defensoria, os 30 tipos de violações foram divididos em cinco blocos — violação em domicílio, abordagem, letalidade provocada pelo Estado, operação policial e impactos. Segundo Strozenberg, o relatório tem como objetivo servir de instrumento de mudança.

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Outra denúncia feita pelos moradores das comunidades pesquisadas foi o desrespeito durante as abordagens, inclusive a mulheres. Elas alegam que são revistadas por homens e, caso se recusem, levam “tapa na cara” e são chamadas de “mulher de bandido, drogada”.

O medo no uso de helicópteros durante as operações policiais também foi relatado pelos moradores.

“Quase todos os dias a gente acorda de manhã com o helicóptero em cima da gente, fazendo aquele barulhão. E eles vão e voltam, a gente fica o dia inteiro na angústia de que a qualquer momento vai acontecer o tiroteio. Às vezes, tem e o helicóptero atira. A gente morre de medo porque daquela altura o tiro pode pegar em qualquer lugar”, disse um morador que não foi identificado.

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Strozenberg ressalta que, nos primeiros meses da intervenção, eram comuns relatos de posturas cordiais por parte do Exército, mas, com o passar dos meses, a maneira educada foi substituída pelo registro de brutalidade.

“O Exército entrou aqui no bar e roubou o X-box do meu filho, comeu nossa mercadoria, levou a bebida, foi mais de 4 mil [reais] de prejuízo. A gente trabalha pra ter esse pouco e eles fazem isso”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança informou que "a Corregedoria Geral Unificada atua com rigor na apuração de infrações imputadas a agentes de segurança do Estado do Rio de Janeiro". A pasta ressalta ainda que "a CGU está à disposição dos cidadãos e incentiva o contato por meio dos canais da Corregedoria Interna da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Ouvidoria das Polícias". 

Procurado pelo R7, o Gabinete de Intervenção Federal afirmou que "todas as operações e ações realizadas visam combater a criminalidade e que as mesmas são feitas dentro da legalidade objetivando proteger cidadãos e respeitar seus direitos".

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa

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