Ronnie Lessa jogou em linha do trem pedaços da placa do carro usado para matar Marielle
A informação foi dada pelo ex-policial militar Élcio Queiroz, acusado de participação no crime, em delação premiada
Rio de Janeiro|Do R7
O ex-policial militar reformado Ronnie Lessa desfez-se dos pedaços da placa do carro usado no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes na linha férrea dos trens urbanos no Rio de Janeiro, de acordo com a delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz.
Segundo o comparsa de Lessa, um terceiro homem, conhecido como “Orelha”, foi o responsável por “sumir” com o automóvel. O destino teria sido um desmanche no morro da Pedreira, na zona norte da cidade.
Em relato à Polícia Federal, Queiroz contou que Ronnie Lessa apareceu em sua casa no dia seguinte ao do crime, acompanhado do ex-bombeiro Maxwell Corrêa, preso nesta segunda-feira (24), para se desfazer do carro. O automóvel teria sido deixado na rua da casa da mãe de Lessa logo depois do crime.
“Após jogar os pedaços da placa e as cápsulas, deixamos o Maxwell na casa da mãe dele, porque ele disse que iria 'agitar' o sumiço do carro. Ele falou que iria procurar um conhecido nosso, cujo apelido era Orelha, que já teve agência de automóvel e trabalhava com seguro de carro e hoje em dia tem uma sorveteria [...] Depois disso, fiquei sabendo através do Maxwell que esse carro de fato sumiu e que foi para o morro da Pedreira, onde havia um desmanche de carro. Quando eu perguntei para o Orelha se havia dado sumiço no carro, ele me cortava e desconversava”, afirmou Queiroz na delação.
Maxwell levou uma placa para a casa de Queiroz no intuito de modificar o automóvel usado no crime. Segundo o ex-PM, o carro foi levado para a casa dele, “haja vista que lá tinha uma garagem fechada”.
“Ao chegarmos lá, colocamos o carro na garagem, trancamos a porta e trocamos a placa. Nessa época, a parte da frente da casa da minha mãe estava em obra, e ele perguntou se tinha alguma coisa para quebrar a placa. Peguei a tesoura de cortar chapa, cortamos a placa na sala da casa da minha mãe, e colocamos dentro de uma bolsa plástica. Depois, o Maxwell fez uma varredura no carro, retirou algumas cápsulas e colocou dentro do saco e colou um adesivo da Apple no carro”, contou.
Segundo o relato, o grupo criminoso deixou o local, passou em um posto de gasolina, encheu o pneu do carro e o deixou em uma rua próxima à casa da mãe de Lessa. Dois dias depois do crime, o carro ainda estava sob o poder de Ronnie Lessa.
“Fomos até a casa da mãe dele buscar o carro. Chegando lá, pegamos o Cobalt, e fui dirigindo, enquanto o Ronnie foi dirigindo o carro dele. Fizemos o mesmo caminho, beirando a estação de Engenho de Dentro, passamos por Cascadura e Madureira no sentido Rocha Miranda. Quando chegamos a Rocha Miranda, o Orelha já estava avisado e paramos em uma pracinha”, relatou.
O encontro com Orelha foi o último momento em que Queiroz e Lessa teriam tido contato com o automóvel, conforme a delação. “Foi desse modo que nos desfizemos do veículo e das cápsulas”, disse.