Sete pessoas são mortas em favela na região Metropolitana do Rio
Vítimas estavam em baile funk. Moradores acusam polícia, que nega
Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7, com Agência Estado
Sete pessoas foram mortas na madrugada deste sábado (11) no Conjunto da Marinha, área do complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Parentes de vítimas acusam a Polícia Civil pelas mortes. Segundo eles, as vítimas estavam em um baile funk quando homens chegaram em veículos blindados da corporação, atirando e causando pânico e correria.
Em nota conjunta divulgada às 19h29 deste sábado (11), a Polícia Civil e as Forças Armadas confirmaram que durante a madrugada realizaram uma operação conjunta na complexo de favelas, com o uso dos blindados, e que houve “resistência armada por parte dos criminosos”, mas as mortes teriam ocorrido “após a ação no local” e estão sendo investigadas.
Segundo a nota, assinada pelas assessorias de comunicação da Polícia Civil do Estado do Rio e do Estado-Maior Conjunto nas Ações em Apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública, a operação conjunta contou com três veículos blindados, os chamados caveirões: um da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), unidade de operações especiais da Polícia Civil, e dois do Exército.
“No local, pode-se perceber resistência armada por parte de criminosos”, afirma a nota, segundo a qual foram apreendidos um fuzil, sete pistolas, cinco carregadores, munições, rádios transmissores, drogas, celulares e vários documentos. Ainda conforme a nota, a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo investiga as mortes das sete pessoas “após a ação no local”. A perícia foi realizada e os corpos foram encaminhados ao IML de São Gonçalo para identificação.
Até a noite deste sábado (11), seis vítimas havia sido identificadas: Marcelo da Silva Vaz, de 31 anos, Victor Hugo Coelho, de 28 anos Luiz Américo da Silva de 46 anos, Josué Coelho, de 19 anos, Lorran de Oliveira Gomes, de 18 anos, e Márcio Melanes Sabino, de 21 anos.
Sabino morava no Conjunto da Marinha e deixou uma filha de 3 anos. “Quando soube que alguma coisa tinha acontecido no Salgueiro corri com meu marido de carro para lá e, quando fui me aproximar do corpo do meu filho, um policial disse que se nós não saíssemos de lá, ele ia dar um tiro na nossa cara. Disse para nós sairmos de perto porque ia haver perícia. Eles estavam xingando todo mundo que passava”, contou a mãe de Márcio, Joelma Melanes, de 38 anos.
Parentes dos mortos relataram que homens chegaram em veículos blindados da Core, interditaram ruas e atiraram contra as vítimas. Pelas redes sociais, pessoas relataram que estava ocorrendo um baile funk nessa comunidade e que, quando os homens chegaram atirando, por volta de 1h30, houve correria e pessoas teriam sido pisoteadas. “"Isso é uma covardia. Operação a essa hora. Em outra página, uma mulher falou: que morram todos. Mas ela não sabia que a filha dela estava lá escondida, curtindo o baile também. Está toda machucada porque foi pisoteada”, relatou pelo Facebook um suposto morador da região.
Parentes de vítimas acusam a Polícia Civil pelas mortes. Segundo eles, as vítimas estavam em um baile funk quando homens chegaram em veículos da corporação, atirando e causando pânico e correria. Em nota, a Polícia Civil informou que está investigando o caso.
Familiares dos mortos afirmam que homens chegaram em carros da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), departamento da Polícia Civil, e atiraram contra as vítimas. Pelas redes sociais pessoas relataram que estava ocorrendo um baile funk nessa comunidade e que, quando os homens chegaram atirando, por volta de 1h30, houve correria e pessoas teriam sido pisoteadas.
Polícia responde
Em nota, a Polícia Civil não comentou as acusações, mas apenas confirmou a operação no local e respondeu que as investigações sobre o caso estão sendo feitas pela Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Segundo a instituição, foi feita perícia no local e os corpos foram encaminhados para identificação no IML da região.
PM morto
O policial militar Joubert dos Santos Lima foi baleado e morreu durante uma operação na comunidade do Brejal, no Complexo do Salgueiro, na manhã de sexta-feira (10). Lima chegou a ser levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, mas não resistiu. Ao fim da operação, um criminoso foi morto e com ele foi apreendido um fuzil.
Ele foi o 117º policial militar morto no Estado do Rio de Janeiro em 2017. O policial, que trabalhava no 7º Batalhão, em São Gonçalo, levou um tiro no pescoço durante, em um confronto com traficantes. Lima chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Estadual Alberto Torres, também em São Gonçalo. Na mesma operação, um cabo também foi baleado, mas sobreviveu, e um suspeito foi morto. Ele portava um fuzil Colt calibre 5,56, que foi apreendido.
O Disque-Denúncia oferece R$5 mil para quem fornecer informações que levem à prisão dos envolvidos na morte do 117° policial militar.
Ação das Forças de Segurança
Na terça-feira (7), uma megaoperação das Forças de Segurança prendeu quatro suspeitos na região. Policiais civis e militares, com o apoio das Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal fizeram um cerco no Complexo do Salgueiro e na Comunidade Anaia. O objetivo da operação era prender criminosos envolvidos no tráfico de drogas nas comunidades, além de localizar esconderijos de armas e drogas para desestabilizar o crime organizado na região.
Além do bloqueio de diversas ruas e avenidas da região e o controle do espaço aéreo, agentes da Marinha fizeram um cerco, com embarcações, em pontos estratégicos da Baía de Guanabara.
Na ação, os agentes também apreenderam drogas e encontraram, em um carro roubado, um triturador de drogas em formato de granada.
Assista à reportagem do Hornal da Record: