Suspeita é presa antes de realizar procedimento estético ilegal no RJ
Segundo a polícia, mulher trans se preparava para injetar silicone industrial nos glúteos de cliente. A vítima pagaria R$ 4.300 pelo preenchimento
Rio de Janeiro|Bruna Oliveira, do R7
Uma mulher trans foi presa momentos antes de realizar um procedimento estético em um motel em Nitéroi, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na quinta-feira (1º). A Polícia Civil chegou até o local após receber uma denúncia anônima.
Segundo os investigadores, a suspeita se preparava para injetar silicone industrial nos glúteos de uma cliente. A vítima pagaria R$ 4.300 pelo procedimento.
Porém, o produto em sua forma liquida não pode ser aplicado no corpo humano por oferecer risco de infecção, tromboses, entre outras complicações que podem levar à morte.
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De acordo com a polícia, a suspeita confessou não ter formação em estética ou enfermagem. Ela também reconheceu que enganava as clientes porque dizia que o material a ser injetado seria um preenchedor cutâneo, mas, na verdade, utilizava silicone industrial.
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No local, os agentes encontraram ainda garrafas plásticas contendo substância incolor, anestésico, luvas estéreis, seringas, agulhas, álcool em gel, algodão, esparadrapo, esmalte para unhas e super cola.
A suspeita foi levada para 77ª DP (Delegacia de Icaraí) e autuada por tentativa de estelionato, exercício ilegal da medicina e prática do crime de exposição a perigo, previsto no artigo 132 do Código Penal.
Casos fatais
Pelo menos outras quatro mulheres foram vítimas fatais de procedimentos estéticos no Rio de Janeiro este ano.
O caso de maior repercussão foi o da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que morreu em julho após a aplicação de 300 ml de substância sintética nos glúteos, em operação realizada na cobertura de um médico na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A vítima apresentou complicações e chegou a ser levada em estado grave a um hospital no mesmo bairro, mas não resistiu após quatro paradas cardíacas.
O médico responsável pelo procedimento, Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como "Dr. Bumbum", sua namorada, a técnica em enfermagem Renata Fernandes, e a mãe dele, Maria de Fátima Barros, que também é médica, foram presos e indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa.
No mesmo mês, a modelo Mayara da Silva dos Santos, de 24 anos, passou por um procedimento estético em um hotel no Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste, horas antes de passar mal e morrer a caminho do hospital. As envolvidas no caso não foram encontradas pela polícia e continuam foragidas.
Dias depois, a professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, morreu após se submeter a uma lipoaspiração no abdômen e a uma lipoescultura nos glúteos em uma clínica em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A médica responsável pelo procedimento não tinha especialização para a cirurgia, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O caso mais recente é o da microempresária Fernanda Assis. Cerca de uma semana após passar por uma aplicação para aumentar os glúteos, Fernanda deu entrada em um hospital da zona oeste, com inchaço no corpo e dificuldade para respirar. No dia seguinte, seu quadro de saúde se agravou e ela precisou ser entubada, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e acabou não resistindo.
A responsável pelo procedimento, conhecida como "Dani Bumbum" ou "Dani Sereia", está presa. Ela é acusada de injetar silicone industrial em mais de 40 vítimas.