Em dez dias, três mulheres morrem no Rio após procedimentos estéticos
O caso mais recente é da professora Adriana Capitão Pinto, que faleceu uma semana após lipoaspiração; médica que fez cirurgia não tinha especialização
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga mais uma morte que pode ter sido provocada por procedimentos estéticos. Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, morreu uma semana após se submeter a uma lipoaspiração no abdômen e a uma lipoescultura nos glúteos em uma clínica em Niteroi, na região metropolitana do Rio de Janeiro, no último dia 16.
A professora havia pedido ao marido que custeasse as cirurgias como presente de aniversário de 17 anos de casamento. Em depoimento, ele contou que na noite do último domingo (22) a esposa se queixou de falta de ar e às 4h da manhã foi ao banheiro e desmaiou.
Adriana foi socorrida e levada por uma ambulância ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Mas de acordo com a CER Barra (Coordenação de Emergência Regional da Barra da Tijuca), a paciente já chegou à unidade em parada cardiorrespiratória.
A médica responsável pelo procedimento, Geysa Leal Corrêa, não tinha especialização para a cirurgia, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Pelas redes sociais Geysa se defendeu, dizendo que é pós-graduda em Cirurgia Geral pela Faculdade Redentor e em Medicina e Cirurgia Plástica Estética pela UVA (Universidade Veiga de Almeida).
O advogado da médica, disse que a cliente lamenta a morte da paciente, mas ressaltou que a "fatalidade não tem qualquer relação com alguma falha tanto no procedimento, bem como de algum tipo de cuidado preventivo ou pós procedimento". Ele disse ainda que Adriana fez todos os exames necessários e se mostrou apta para passar pela cirurgia.
"A fatalidade ocorreu uma semana após, sendo apontada trombose como causa mortis. Tal fatalidade poderia ocorrer com qualquer pessoa que tivesse se submetido a um procedimento médico, pois trata-se uma um evento previsível, porém indesejado, descrita na literatura médica. Por fim, a médica prestou todo o auxilio aos familiares, estando presente a todo momento", completou em nota.
Adriana deixa o marido e dois filhos.
Outros casos
Nos últimos dez dias, duas outras mulheres morreram após se submeteram a procedimentos estéticos no Rio. A bancária Lilian Calixto, de 46 anos, morreu após uma aplicação de 300 ml da substância conhecida como metacril - nome comercial do polimetilmetacrilato - nos glúteos. A necropsia realizada no corpo da bancária não foi capaz de apontar a causa da morte e os médicos legistas responsáveis pelo laudo pediram exames complementares para chegar a um resultado conclusivo.
Enquanto isso, o médico responsável pelo procedimento, Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como "Dr. Bumbum", e a mãe dele, Maria de Fátima Barros, estão presosdesdea última quinta-feira (19).
A Polícia Civil investiga ainda a morte de Mayara da Silva dos Santos, de 24 anos, que passou mal e chegou sem vida ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na noite da última sexta-feira (20). A família da jovem acredita que ela também tenha injetado metacril nos glúteos. Além disso, amigos da jovem contaram na 16ª DP (Barra da Tijuca) que uma suspeita ofereceu à vítima procedimentos para aumentar coxas, glúteos e tirar gordura da barriga, que seriam realizados em uma casa na Barra da Tijuca.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.