Witzel: Testemunhas de defesa são ouvidas por Tribunal Misto no Rio
Entre os 15 convocados que já foram ouvidos estão ex-secretários, além da esposa do governador Helena Wilzel, que não compareceu
Rio de Janeiro|Raíza Chaves, do R7*
O Tribunal Especial Misto, que julga o processo de impeachment do governador Wilson Witzel realiza nesta segunda-feira (28), uma nova sessão para ouvir testemunhas de defesa.
Entre os convocados pela defesa de Witzel estão o ex-assessor especial da subsecretaria de gestão da Atenção Integral à Saúde, Luiz Octávio Martins Mendonça, o ex-secretário de Saúde do Rio Alex Bousquet e a ex-subsecretária na gestão de Edmar Santos, Mariana Tomasi Scardua e o ex-secretário de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey.
O ex-assessor Luiz Octávio, o primeiro a ser ouvido, analisou as mudanças na pasta com a entrada de Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde.
"Houve atraso no pagamento de salários, atraso no pagamento de fornecedores. E tive um desentendimento pessoal, então pedi para ser exonerado da secretaria de Saúde", contou.
Já Mariana, a segunda testemunha a prestar depoimento, disse que alertou ao Edmar Santos, ex-secretário de Saúde, sobre a gestão dos hospitais de Campanha contra a covid-19 no Rio pela Organização Social Iabas.
Após mencionar sua preocupação, foi exonerada do cargo, de acordo com a ex-secretária.
"Quando fui comunicada que os hospitais de campanha estavam sendo com o Iabas, fui novamente ao secretário e alertei a ele que a Iabas tinha o histórico de não entregar o que prometia. Quando eu faço um novo alerta ao secretário sobre o Iabas, no dia 2 de abril, fui comunicada que seria exonerada no dia seguinte, dia 3 de abril", comentou.
Mariana ainda acrescentou que com a chegada de Gabriell Neves o termo de compra de respiradores para ajudar contra a pandemia da covid-19 não passou por ela. Além disso, não soube dizer quem indicou Gabriell para assumir o cargo.
Em seguida, o coronel Roberto Robadey, ex-comandante do Corpo de Bombeiros e ex-secretário de Defesa Civil prestou depoimento. Ele disse ter concordado com a criação de hospitais de Campanha no Estado, além dos planos de contenção da covid-19.
"Tínhamos um estudo no início da pandemia com uma projeção de que se nada fosse feito, a cada sete dias o número de óbitos dobraria. Em certos momentos, havia um movimento grande pela liberação. Não fossem as reuniões, nós teríamos tido um caos no estado do Rio", comentou.
Em depoimento, Alex Bousquet, que foi secretário de Saúde após a saída de Fernando Ferry, afirmou que ao assumir, viu uma secretaria "arrasada" que vinha de "prisões em sequência e um modelo de gestão que tornava a máquina ainda mais paralisada.
"Entendíamos que, em 22 de junho, o fortalecimento dos municípios seria fundamental para o enfrentamento à pandemia. Mapeamos mais de 900 leitos no momento em que optei pelo fechamento dos hospitais de campanha", explicou.
Entre os 15 convocados que já foram ouvidos estão ex-secretários do governo Witzel, como Lucas Tristão e Edmar Santos, que também são réus em processos investigados pelo Justiça Federal. Já a esposa do governador Helena Wilzel não compareceu e alegou estar amparada pela lei em razão do grau de parentesco.
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O processo contra o governador afastado tem como base supostos desvios financeiros na área da Saúde durante a pandemia de coronavírus, sobretudo a requalificação da OSs (Organização Social) Unir Saúde e as irregularidades na construção de hospitais de campanha junto ao Instituto Iabas.
As investigações do MPF (Ministério Público Federal) e da Polícia Federal apontaram que as duas OSs são controladas pelo empresário Mário Peixoto e que o mesmo também teria feito depósitos de R$ 500 mil, através do pagamento de honorários, à então primeira-dama Helena Witzel.
Wilson Witzel
O depoimento do governador afastado, Wilson Witzel, previsto para esta segunda-feira (28), foi suspenso por uma decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ele atendeu a um pedido da defesa do governador afastado e determinou que o depoimento só pode ser realizado depois que os advogados de Wilson Witzel tiverem acesso a todos os documentos enviados pelo STJ.
Inicialmente, o procedimento estava marcado para ocorrer nesta sexta-feira (18). No entanto, o tribunal, composto por cinco deputados estaduais e cinco desembargadores, não conseguiu ouvir as 27 testemunhas do caso na sessão de quinta (17), que durou cerca de 13 horas.
Em função da necessidade de tomar outros depoimentos, o Tribunal Especial Misto optou pela remarcação da data.
*Sob supervisão de PH Rosa