Água de esgoto invade e alaga casa de mulher com paralisia cerebral
Como é alimentada por uma sonda, Maria, 33, necessita de um ambiente higienizado para não ter maiores danos à sua saúde
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
Marlene Tenório dos Santos e Maria José dos Santos, sua filha, estão há quase dois anos enfrentando o maior de seus problemas. A construção do muro de um supermercado fez com que a água do esgoto na Vila Missionária, onde vivem no extremo sul de São Paulo, retornasse às casas dos moradores da viela na rua Dorival Ferraz da Silva. Se antes o problema era o córrego não canalizado à beira da residência, desde março passado ele ganhou maiores proporções e está dentro dos lares de quem vive ali.
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O drama se agrava para Maria, 33, que sofre com paralisia cerebral e, como é alimentada por uma sonda, necessita de um ambiente higienizado para não ter maiores danos à sua saúde.
Em meio ao desespero pela condição de sua filha, Dona Marlene, 54, precisa se manter firme a cada alagamento para limpar a casa na medida em que lhe é possível. “A cada chuva forte, fico muito preocupada porque sei o que vai acontecer”, contou ela à reportagem do R7.
Marlene conta que, desde março, junto de uma vizinha, tenta contato com o supermercado Pedreira, responsável pela obra. Chegou, inclusive, a trocar e-mails com um funcionário da empresa, o que não bastou para resolver o problema.
“Eles são os responsáveis pela propriedade. Vieram até fazer uma visita aqui... expliquei, mostrei vídeos, mas nenhuma providência foi tomada. Eu preciso de ajuda”, relata.
Marlene ficou ainda mais consternada após as chuvas de fevereiro, que chegaram a nível recorde na Grande São Paulo nas últimas três décadas. “Nessa última chuva, a água chegou até o meio da parede e perdi alguns armários... minha filhinha ficou assustada.”
Vizinha de Marlene, Leide Miranda, 43, também vive uma situação dramática. Mãe de Ana Clara, autista, já perdeu um celular e um guarda-roupa e outros pertences nas chuvas.
Ela conta que, na última vez que choveu forte, a filha de 12 anos chorou muito. “A água vinha no joelho. Nunca vi acontecer assim”, diz ela.
Outro lado
A reportagem procurou pelo superatacadista Public e pediu um posicionamento sobre a denúncia dos moradores da Vila Missionária. Até a publicação deste texto, não houve resposta.