Alckmin: acusações sobre corrupção são "infundadas e apressadas"
Após denúncia do MP-SP, ex-governador diz que "jamais foi procurado pelas autoridades policiais para se manifestar a respeito dos fatos"
São Paulo|Do R7
Após ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob acusações de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica eleitoral e corrupção passiva, o ex-governador Geraldo Alckmin, por meio de sua defesa, lamentou nesta quinta-feira (23), a denúncia oferecida e disse que as acusações são apressadas e infundadas.
Leia mais: Alckmin é denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica
A defesa do ex-governador, representada pelos advogados José Eduardo Rangel de Alckmin e Marcelo Martins de Oliveira, disse ainda que Alckmin "jamais foi procurado pelas autoridades policiais para se manifestar a respeito dos fatos."
Por meio de nota, a defesa declarou que "as apressadas conclusões do inquérito são infundadas e não encontram suporte nos fatos."
De acordo com a denúncia, Alckmin recebeu R$ 2 milhões em espécie do conglomerado Odebrecht na campanha ao Palácio dos Bandeirantes em 2010 e R$ 9,3 milhões quando disputou a reeleição, em 2014.
Leia também: Além de Serra, PF investiga Alckmin e Paulinho da Força por caixa 2
Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do emprego de métodos ilícitos como uso de "doleiros", com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar a possibilidade de rastreio (lavagem de dinheiro).
Os advogados de Alckmin afirmaram que o governador está confiante na Justiça. "Responderá aos termos da denúncia, seguro de que não praticou qualquer ilícito, até porque nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados. Nem, tampouco, praticou qualquer ato de corrupção durante mais de 40 anos de vida pública."
Por meio de nota, o presidente estadual do PSDB-SP, Marco Vinholi, afirmou que o Diretório Estadual do PSDB-SP reitera sua confiança na idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. "Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público e ao cidadão."
Vinholi afirmou ainda que "acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos."
De acordo com a acusação do Ministério Público, esses recursos destinavam-se, num primeiro momento, ao financiamento eleitoral indevido (não declarado) e, num momento seguinte, pós-eleições, à manutenção da influência do grupo empresarial junto ao governo.
Em ambas as ocasiões (2010 e 2014), segundo o Ministério Público, o Grupo Odebrecht não poderia efetuar doações eleitorais, uma vez que controla a concessionária que administra a Rodovia Dom Pedro I (estadual) e também porque participou do consórcio da linha 6 do Metrô.
Em 2010, o intermediário entre a companhia e o candidato, conforme demonstrado na acusação, foi Adhemar César Ribeiro, cunhado de Alckmin.
Leia também
Prefeitura de SP contraria Justiça e mantém frota de ônibus em 84%
Energia voltará a ser cortada a partir de agosto, anuncia Aneel
Além de Serra, PF investiga Alckmin e Paulinho da Força por caixa 2
Polícia de SP descobre padarias que "esquentavam" dinheiro de facção
Ações da PF contra Serra e Alckmin respingam na nova geração do PSDB
Ao longo do período eleitoral, a Odebrecht fez repasses a Ribeiro em seu escritório, totalizando a quantia de R$ 2 milhões, conforme atestam as planilhas do Departamento de Operações Estruturadas, na qual Alckmin aparecia com o codinome “Belém”, e mensagens trocadas entre os participantes do esquema.
Ainda segundo o Ministério Público, em 2014, coube ao tesoureiro de campanha, Marco Antônio Monteiro, fazer a ponte entre aqueles que autorizaram, planejaram e executaram os pagamentos e o político.
Ao longo da campanha, realizaram-se 11 repasses, totalizando R$ 9,3 milhões, ao então candidato à reeleição. Os pagamentos eram feitos ao tesoureiro por emissários da Odebrecht, conforme atestam planilhas do Departamento de Operações Estruturadas e mensagens trocadas entre os envolvidos nos delitos.
A ação penal ajuizada nesta quinta-feira origina-se, segundo o órgão, dos 77 acordos de colaboração premiada firmados por executivos e funcionários do Grupo Odebrecht com a Procuradoria-Geral da República, todos homologados pelo Supremo Tribunal Federal.
"Os relatos e provas de corroboração reunidos revelaram centenas de atos ilícitos praticados em favor de empresas do Grupo Odebrecht, incluindo o pagamento de forma dissimulada de vantagens a agentes públicos e financiamentos de campanhas eleitorais, em um sofisticado esquema de lavagem de capitais", descreve a denúncia.