Após ida ao hospital do Anhembi, deputados acionam MP e Senado
Parlamentares em Defesa do Orçamento (PDO), estiveram no local na quinta (4). Não questionamos atendimento, mas contrato, diz Adriana Borgo (Pros)
São Paulo|Do R7
Os Parlamentares em Defesa do Orçamento (PDO), grupo que esteve na quinta-feira (4) no hospital de campanha do Anhembi, na zona norte de São Paulo, acionou o MPF (Ministério Público Federal), o MP-SP (Ministério Público de São Paulo), o CRM (Conselho Regional de Medicina) e o representantes do Senado após a ida ao local para denunciar os contratos fechados pelo poder público, informou a deputada Adriana Borgos (Pros) ao R7 neste sábado (6).
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O grupo argumenta que os números de mortes e casos de covid-19 na capital paulista são incertos e o dinheiro usado no combate ao coronavírus, mal-empregado. Além disso, criticam a transferência de funcionários de outros hospitais para as unidades de campanha.
"O que nós estamos questionando ali não é o atendimento, não. O atendimento é maravilhoso. Os médicos, os profissionais, que bom se todos os hospitais tivessem aquele naipe de atendimento. O que a gente está questionando é um contrato, vários contratos, na verdade, de segurança por R$ 5,4 milhoes, mensal pra manutenção de R$ 18 milhões, sendo que o prefeito diz que não inaugurou ainda a outra ala e que não paga pelos leitos não utilizados. Meu Deus, quem pagou pelas camas que estão ali vazias, pelas geladeiras, pela estrutura metálica, pelas divisóiias. Quem pagou isso? Quem paga para deixar aquilo limpo, porque precisa ser higienizado", afirmou Adriana. "Tem um custo sim, está sendo pago sim, por um hospital vazio que podia comportar tantas pessoas", complementa.
A deputada sugere que o local receba pacientes de baixa complexidade do Hospital Geral de Guarulhos, na região metropolitana, que está lotado. Adriana também aponta que há, em Ibiúna, funcionários sem receber pagamento e que há um caminhão alugado para raio-x quando, segundo ela, a máquina poderia ser adquirida para oferecer o serviço de forma permanente após a pandemia. "Tudo isso é o que a gente está questionando. Inverteram tudo, como se nós fossemos os vilões", lamenta. "Nós usamos da prerrogativa que nós temos sim de entrar em qualquer local", acrescenta.
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Além da deputada, estiveram no hospital Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante). Adriana conta que o grupo esperou cerca de 50 minutos para conseguir entrar no local. Houve um princípio de tumulto. "Ficamos bravos porque eles colocaram um cordão de segurança quando nós pedimos pra chamar alguém responsável, ao invés de vir alguém pra nos autorizar, veio um monte de segurança com grandes nos fechando, nos empurrando", descreve.
Os parlamentares conseguiram acessar o local após a chegada de uma representante da administração. Para entrar, colocaram equipamentos de proteção. Ali, conta Adriana, constataram espaços vazios e leitos desocupados.
Prefeitura
De acordo com a prefeitura de São Paulo, os deputados "invadiram de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade". A prefeitura informou que os parlamentares gravaram pacientes sem autorização prévia, muitos dos quais estavam sendo higienizados em seus leitos e também gravaram uma ala do hospital que não estava em operação, portanto vazia, mas estruturada para receber mais pacientes, caso necessário.
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Funcionária do hospital de campanha do Anhembi, uma médica que preferiu não se identificar, relatou que os deputados estaduais “entraram nas enfermarias filmando e contando, filmando os pacientes, não falaram nada e saíram”. “Parecia um pesadelo. E um deles ainda falava: ‘filma a cama vazia, filma a cama vazia’, e desviava do lado em que estávamos com os pacientes”, afirmou, na condição de anonimato.
Parlamentares
Nas redes sociais, o deputado Marcio Nakashima afirmou que recebeu autorização para entrar no hospital e que "não houve invasão ou desrespeito a funcionários e pacientes". "Após princípio de tumulto, pudemos conferir mais um exemplo de má gestão dos recursos públicos. O governo quer alugar leitos de hospitais privados e vemos esta estrutura inoperante", disse. Já Telhada defendeu que as acusações são infundadas e as imagens, falam por si. "Quem tem que se explicar não somos nós, é a prefeitura. Não vamos parar a fiscalização!", escreveu o deputado.
A parlamentar Letícia Aguiar afirmou, no Twitter, que as alas estavam inativas, sem camas, equipamentos, tampouco funcionários. "O grupo PDO solicitará esclarecimentos à prefeitura, depois estudará providências", garantiu. "Estamos cumprindo somente o nosso papel. Um hospital enorme, sem demanda a um custo muito alto, estamos questionando a necessidade disso, o dinheiro público que está sendo jogado fora porque não tem demanda, a prefeitura deveria recuar e desativar estas alas que estão vazias", acrescentou.