Ativistas criticam Prefeitura de SP por falhas em obras nas ciclovias
Usuários de bicicleta cobram execução do plano cicloviário e reclamam que sinalização gera confusão sobre corredores em requalificação ou removidos
São Paulo|Cesar Sacheto, do R7
Grupos de cicloativistas têm criticado a Prefeitura de São Paulo por falhas na comunicação de obras de requalificação de ciclovias na cidade, além da demora em implementar as benfeitorias contidas no Plano de Metas da cidade anunciado pelo governo municipal.
Ao anunciar a revisão programática do programa, em abril deste ano, o prefeito Bruno Covas disse que pretendia conectar e requalificar a rede cicloviária da cidade, com a implementação de 173,3 km de ciclovias e ciclofaixas, além de melhorias em outros 310,6 km já existentes.
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No entanto, ativistas afirmam que o plano não saiu do papel no tempo estimado pela atual gestão paulistana e há discrepâncias em relação ao projeto apresentado em audiências públicas.
Alguns corredores tiveram a pintura apagada e a sinalização colocada no local pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deixa dúvidas nos usuários sobre o futuro da ciclovia naquele trecho.
Integrante do grupo "Atletas do Asfalto", o funcionário público Wagner Luiz de Jesus Furlaneto cobrou a administração pública pelo que considerou ser a remoção da ciclovia da avenida Engenheiro George Corbisier, no Jabaquara, zona sul da capital paulista.
Problema semelhante ocorreu na ciclovia da avenida Corifeu de Azevedo Marques, na região oeste de São Paulo, conforme citou a coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães.
Para a urbanista e cientista política, o prefeito de São Paulo tem um discurso contraditório, já que não fica claro se haverá remoção ou requalificação das ciclovias e, desta forma, gera confusão entre os ciclistas.
"Está muito turva agora a comunicação. É contraproducente criar esses questionamentos e dúvidas da população, logo depois de ter feito um processo de audiências publicas para o plano cicloviário, ainda a ser publicado. Estão criando uma animosidade nos ciclistas, quando deveriam criar uma coesão", opinou Carolina Guimarães.
"Este é o mês da mobilidade e, ao invés de resultados, temos que cobrar direitos e ações", complementou a coordenadora da Rede Nossa SP.
O anúncio do início das obras do plano cicloviário da cidade está sendo postergado por Bruno Covas e, segundo entidades, já existe um atraso de aproximadamente um mês no cronograma debatido com as entidades e os interessados no projeto.
A diretora de participação pública da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo), Aline Cavalcante, critica uma disputa política na administração pública e na Câmara de Vereadores que contraria o discurso de modernização, inclusão e cidade sustentável adotado pelo prefeito Bruno Covas.
Aline ressalta que os projetos foram embasados em dados que comprovam a eficiência das infraestruturas cicloviárias na melhoria de ocorrência de trânsito, além de uma rede de negócios desenvolvida pela mobilidade.
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"Não estamos falando 'me dá uma ciclovia porque eu gosto'. O número de ciclistas entregadores está explodindo na cidade. As empresas de bicicleta compartilhada, patinetes e entregadores têm demonstrado que há muito espaço pra crescer e usar a infra cicloviária. As empresas têm interesse nessa política pública. Falta agora a prefeitura fazer a parte dela", comentou a representante da Ciclocidade.
A Câmara Municipal de São Paulo agendou um audiência pública para debater a política para bicicletas da cidade para o próximo dia 16 de setembro, a partir das 19h, que será realizada no Plenário 1º de Maio e terá a presença de vereadores que integram a Comissão de Trânsito, Transportes e Atividade Econômica da Casa.
Prefeitura
A Prefeitura de São Paulo foi questionada pela reportagem do R7 sobre a lista de corredores que devem requalificados, removidos e criados na capital, além dos prazos estabelecidos para o plano cicloviário.
Em nota, a administração pública municipal afirmou que as obras de recape e sinalização das ciclofaixas Afonso Lopes Vieira, Gabriel Migliori, Mandaqui, Direitos Humanos, Orlando Garcia da Silveira, José da Natividade Saldanha, Ananias Holanda de Oliveira, Parque Novo Mundo e Direitos Humanos, todas na região norte da cidade, devem ter início ainda no mês de setembro.
Também estão em obras de requalificações as estruturas localizadas na zona sul, especificamente nas ciclofaixas da avenida Engenheiro George Corbisier, Bosque da Saúde e Alameda Guatás, que passam por recapeamento. E, na zona oeste, as estruturas da Rua Antônio de Souza Noschese (Jaguaré) e Corifeu de Azevedo Marques seguem em recape. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) instalou faixas informativas nas vias que passam por obras de recapeamento para informar motoristas e ciclistas sobre as intervenções.
Todas as vias em requalificação passam por fresagem (raspagem) do asfalto antigo e a aplicação de uma nova camada de asfalto. Ao final do recapeamento de cada estrutura, será implantada nova sinalização, com a pintura em vermelho aplicada apenas na aproximação das travessias, proporcionando maior atenção dos ciclistas aos cruzamentos. Os projetos também preveem tachões aplicados a cada um metro, o que garante mais segurança aos usuários.
Plano Cicloviário
O Plano Cicloviário prevê a construção de ao menos 173 quilômetros de novas conexões e a requalificação de ao menos 310 quilômetros da malha existente, com verba total de R$ 325,7 milhões para o biênio 2019/2020.
Os locais para implantação das novas vias para bicicletas foram discutidos com a sociedade em dez audiências públicas, atendendo à exigência da Lei Municipal Nº16.885/2018. Vale destacar que o novo Plano Cicloviário será anunciado em breve.
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