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‘Beto Loco’ e Mohamad: veja quem são os principais alvos da megaoperação contra o PCC

Esquema criminoso no setor de combustíveis era supostamente comandado por integrantes da facção

São Paulo|Do R7, com informações do Estadão Conteúdo

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Uma megaoperação está em andamento, cumprindo mandados de busca e apreensão contra 350 alvos vinculados ao PCC no setor de combustíveis.
  • Os principais investigados são Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, que controlam diversas empresas no setor.
  • As investigações revelam um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal em mais de 1.000 postos de combustíveis em 10 estados, com movimentação financeira de R$ 52 bilhões.
  • A operação investiga também o uso de fintechs para dificultar o rastreamento de valores e a blindagem de bens dos acusados.

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Mohamad Hussein Mourad se identifica como CEO de empresa de transporte Reprodução/Linkedin/ Mohamad Hussein Mourad - 28.8.2025

Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) cumpre mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez estados, todos envolvidos no domínio da cadeia produtiva de combustíveis, parte da qual estava sob controle do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ao todo, cinco núcleos da organização criminosa estão sendo investigados.


O principal núcleo é formado pelos empresários Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, do antigo grupo Aster/Copape. O R7 não conseguiu ainda contato com a defesa dos investigados.

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Os acusados, segundo as investigações da Polícia Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), expandiram suas atividades empresariais sobre toda a cadeia de produção e venda de combustíveis do país financiados pelo dinheiro ilícito.


No papel, Beto Louco e Mourad são donos de poucas empresas. Uma delas é a TTI Bless Trading Comercio de Derivados de Petróleo. Outra é a G8Log Transportes, com sede em Guarulhos, que gerencia uma frota de caminhões registrada em nome de outra empresa que transporta combustível para usinas de álcool do interior.

Publicação de Mohamad Hussein Mourad no Linkedin Reprodução/Linkedin/ Mohamad Hussein Mourad - 28.8.2025

Foi por meio delas que os promotores chegaram, à nova fase do grupo: a compra de usinas sucroalcooleiras no interior de São Paulo.


As ligações com Manguinhos

Após serem alvos da Operação Cassiopeia, em 2024, Mourad e Beto Loco teriam se movimentado para blindar o patrimônio bilionário da dupla.

Na época, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) cassou as licenças das duas principais empresas do grupo: a distribuidora Aster e a formuladora Copape.


Mesmo assim, segundo os promotores, os acusados continuaram a atuar em toda cadeia produtiva do setor.

Exemplo disso seria o fato de suas distribuidoras de combustíveis fornecerem óleo para o maquinário agrícola de usinas sucroalcooleiras ao mesmo tempo em que estas distribuem etanol para a rede de postos do grupo, bem como a gasolina produzida por meio das formuladoras de combustível dos acusados, antes ligadas à Copape e atualmente absorvidas pelo Grupo Manguinhos, refinaria no Rio de Janeiro.

Entenda

Segundo os investigadores, diversas irregularidades foram descobertas em diferentes etapas da cadeia de combustíveis, desde a produção até a distribuição, lesando não só motoristas, mas todo o setor.

Um “sofisticado esquema” criado pela facção, possibilitava a lavagem do dinheiro e a obtenção de altos lucros nesta cadeia econômica.

“O uso de centenas de empresas operacionais na fraude permitia dissimular os recursos de origem criminosa. A sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e prejudicavam os consumidores e a sociedade”, disse a Receita Federal.

Elas criam modelos de negócio digitais, desburocratizando o acesso a serviços como pagamentos, crédito, seguros e investimentos, com custos geralmente menores.

Lavagem de dinheiro

As formuladoras, as distribuidoras e os postos de combustíveis também eram usados para lavar dinheiro de origem ilícita. Há indícios de que as lojas de conveniência e as administradoras desses postos, além de padarias, também participavam do esquema.

Auditores-fiscais da Receita Federal identificaram irregularidades em mais de 1.000 postos de combustíveis distribuídos em 10 estados. São eles:

  • São Paulo
  • Bahia
  • Goiás
  • Paraná
  • Rio Grande do Sul
  • Minas Gerais
  • Maranhão
  • Piauí
  • Rio de Janeiro
  • Tocantins

A maioria desses postos tinha o papel de receber dinheiro em espécie ou via maquininhas de cartão e transitar recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias no esquema de lavagem de dinheiro.

Entre 2020 e 2024, a movimentação financeira desses postos foi de R$ 52 bilhões, com recolhimento de tributos muito baixo e incompatível com suas atividades. Os postos já foram autuados pela Receita Federal em mais de R$ 891 milhões.

No entanto, cerca de 140 postos eram usados de outra forma. Eles não tiveram qualquer movimentação entre 2020 e 2024, mas, mesmo assim, foram destinatários de mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais de combustíveis.

Possivelmente, essas aquisições simuladas serviram para ocultar o trânsito de valores ilícitos depositados nas distribuidoras vinculadas à organização criminosa.

Faria Lima

Após dominar parte do setor - segundo o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) o setor representa 10% do PIB nacional, gera 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos, fatura anualmente R$ 420 bilhões e recolhe cerca de R$ 130 bilhões em impostos.

Os alvos procuravam blindar seu patrimônio contra investigações e aumentar seus lucros no mercado financeiro. É aí que a Faria Lima, avenida em São Paulo, entrou no roteiro da operação.

Em endereço de um dos investigados, agentes apreenderam dinheiro em espécie Divulgação/Receita Federal - 28.8.2025

Só na avenida que concentra a nata do mercado financeiro brasileiro, federais, promotores e fiscais estão vasculhando os escritórios onde funcionam 14 fundos imobiliários e 15 fundos de investimentos administrados por cinco empresas.

Ao todo, 21 endereços estão sendo varridos na capital, além de 32 em outras 18 cidades do interior.

Fintechs

Um dos pontos centrais do esquema era o uso de fintechs para a realização de operações financeiras. O principal objetivo era dificultar o rastreamento dos valores movimentados.

Segundo as investigações, uma dessas empresas atuava como banco paralelo da organização e movimentou sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis no período.

A fintech também recebia diretamente valores em espécie. Entre 2022 e 2023, foram efetuados mais de 10,9 mil depósitos em espécie, totalizando mais de R$ 61 milhões.

Mais de mil postos de combustível apresentaram irregularidades Reprodução/Receita Federal - 28.08.2025

Segundo a Receita Federal, este é um procedimento completamente estranho à natureza de uma instituição de pagamento, que opera apenas dinheiro escritural.

“A utilização de fintechs pelo crime organizado objetiva aproveitar brechas na regulação desse tipo de instituição. Essas brechas impedem o rastreamento do fluxo dos recursos e a identificação, pelos órgãos de controle e de fiscalização, dos valores movimentados por cada um dos clientes”, explicou o órgão.

O que são as fintechs?

Segundo o Banco Central, ​fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios. Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços digitais inovadores relacionados ao setor.

No Brasil, há várias categorias de fintechs: de crédito, de pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, negociação de dívidas, câmbio, e multisserviços.

Podem ser autorizadas a funcionar no país dois tipos de fintechs de crédito – para intermediação entre credores e devedores por meio de negociações realizadas em meio eletrônico: a Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), cujas operações constarão do Sistema de Informações de Créditos (SCR).

Perguntas e respostas

O que é a megaoperação deflagrada contra o PCC?

A megaoperação, realizada em 28 de setembro, cumpre mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez estados, todos envolvidos na cadeia produtiva de combustíveis, que estava sob controle do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Quem são os principais alvos da operação?

Os principais alvos são os empresários Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, do antigo grupo Aster/Copape. Eles são investigados por expandirem suas atividades empresariais na cadeia de produção e venda de combustíveis com dinheiro ilícito.

Quais empresas estão ligadas aos investigados?

Beto Loco e Mourad possuem algumas empresas, incluindo a TTI Bless Trading Comércio de Derivados de Petróleo e a G8Log Transportes, que gerencia uma frota de caminhões. Essas empresas estão ligadas à compra de usinas sucroalcooleiras em São Paulo.

O que aconteceu após a operação Cassiopeia em 2024?

Após a operação Cassiopeia, Mourad e Beto Loco tentaram proteger seu patrimônio bilionário, mesmo após a Agência Nacional do Petróleo (ANP) ter cassado as licenças de suas principais empresas, Aster e Copape.

Como os acusados continuaram suas atividades?

Apesar das restrições, os acusados continuaram a operar na cadeia produtiva, fornecendo óleo para usinas e distribuindo etanol e gasolina por meio de suas empresas, que agora estão ligadas ao Grupo Manguinhos.

Quais irregularidades foram encontradas nas operações?

Os investigadores descobriram diversas irregularidades, como sonegação fiscal e adulteração de produtos, que prejudicaram motoristas e o setor como um todo. Um esquema sofisticado permitiu a lavagem de dinheiro e a obtenção de altos lucros.

Como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro?

O esquema utilizava centenas de empresas para disfarçar recursos de origem criminosa, com a Receita Federal afirmando que a sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e prejudicavam consumidores e a sociedade.

Quantos postos de combustíveis foram identificados com irregularidades?

Auditores da Receita Federal identificaram irregularidades em mais de 1.000 postos de combustíveis em 10 estados, que eram usados para movimentar dinheiro ilícito e tinham baixa arrecadação de tributos.

Qual foi a movimentação financeira dos postos entre 2020 e 2024?

Entre 2020 e 2024, a movimentação financeira desses postos foi de R$ 52 bilhões, com uma autuação pela Receita Federal de mais de R$ 891 milhões devido a irregularidades.

O que se sabe sobre os 140 postos sem movimentação?

Cerca de 140 postos não tiveram movimentação entre 2020 e 2024, mas receberam mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais de combustíveis, indicando que essas aquisições poderiam ter sido simuladas para ocultar transações ilícitas.

Qual é a importância do setor de combustíveis no Brasil?

O setor de combustíveis representa 10% do PIB nacional, gera 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos, fatura anualmente R$ 420 bilhões e recolhe cerca de R$ 130 bilhões em impostos.

Como a operação se relaciona com o mercado financeiro?

A operação também investiga escritórios na região da Faria Lima, onde estão localizados fundos imobiliários e de investimentos que poderiam estar envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro.

Qual o papel das fintechs no esquema?

As fintechs foram utilizadas para realizar operações financeiras que dificultavam o rastreamento dos valores movimentados, com uma delas movimentando R$ 46 bilhões não rastreáveis entre 2020 e 2024.

O que são fintechs?

Fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, oferecendo serviços digitais relacionados ao setor financeiro, como pagamentos e empréstimos.

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