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Cinco meses após desaparecimento, o caso Lucilene volta à estaca zero

Corpo encontrado em matagal não é da empresária e o principal suspeito está solto. Polícia vai retomar buscas, mas acredita que ela esteja morta

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7


Polícia não tem mais pistas de onde estará a empresária Lucilene Ferrari
Polícia não tem mais pistas de onde estará a empresária Lucilene Ferrari

Mais de cinco meses após o desaparecimento de Lucilene Maria Ferrari, de 48 anos, a investigação volta à estaca zero. Isto porque o corpo encontrado no dia 7 de maio e, ao que tudo indicava, pertencia à ela, na verdade, é de outra mulher. Um alívio para a família que renova as esperanças de encontrá-la, mas também um mistério ainda sem solução na cidade de Porto Ferreira, no interior de São Paulo.

O principal suspeito é Vanderlei Meneses, que é sócio da proprietária do hotel e com quem ela mantinha um relacionamento, segundo familiares. Ele chegou a ser preso em 29 de fevereiro suspeito de participar do desaparecimento da mulher. Foi ele quem registrou o sumiço da empresária. Mas depois de cumprir 60 dias de prisão temporária, foi solto.

Desaparecimento

Lucilene Ferrari está desaparecida desde o dia 24 de dezembro quando, de acordo com o sócio, saiu de casa para celebrar o Natal na casa da irmã em Descalvado, uma cidade vizinha. Ela teria saído apenas com a roupa do corpo e R$ 1.550 no bolso.

Vanderlei registrou o desaparecimento da companheira no dia 27 de dezembro, na Delegacia de Porto Ferreira. Na ocasião, ele contou ao R7 que Lucilene foi vista nas imediações da rodoviária da cidade. Porém, ela não apareceu em Descalvado e não entrou em contato com nenhum familiar ou amigo desde então. Ela deixou os dois celulares em casa.

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O Cidade Alerta mostrou mensagens trocadas por Lucilene que indicavam que, um ano antes do desaparecimento, ela já desconfiava que Vanderlei pudesse estar roubando o hotel. No dia do sumiço, por volta das 17h, a empresária escreveu a uma mãe de santo que teria "mais um Natal triste" e indicou que havia terminado definitivamente a relação com Vanderlei.

As duas irmãs de Lucilene, Márcia e Lucileide, desesperadas com a falta de informações sobre a irmã, resolveram ir, por conta própria, até uma área de mata na cidade, de onde o celular de Vanderlei emitiu um sinal na noite do desaparecimento. 

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No local, cães farejadores sentiram o cheiro de Lucilene e também de Vanderlei. Foi no mesmo matagal que um corpo foi encontrado em 7 de maio. 

Hipóteses

A família da vítima acredita que Vanderlei traía Lucilene e que, ao descobrir, ela teria seguido o sócio. Os familiares afirmam que outras testemunhas presenciaram uma briga entre os dois por volta das 19h do dia do desaparecimento.

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Um hóspede, que preferiu não ser identificado, contou que ficou no hotel por quatro dias a partir da madrugada do dia 25 e que, durante a estadia, notou um comportamento estranho de Vanderlei. Ele afirma ter visto o homem lavando o quintal dos fundos da casa por pelo menos duas vezes no período.

Esse hóspede era um dos álibis do suspeito, que afirmou estar no hotel por volta das 19h do dia 24, esperando a chegada do homem, já que o combinado era realizar o check-in às 21h. No entanto, o hóspede relatou que, na verdade, havia marcado para chegar na madrugada no dia 25.

A perícia encontrou manchas de sangue em partes do hotel. Com o uso de luminol, a investigação também descobriu marcas de sangue num carro de um hóspede que teria sido usado por Vanderlei.

Até mesmo a existência de um relacionamento amoroso entre Vanderlei e Lucilene foi negada pelo suspeito. Inclusive ele afirmou que teve um encontro amoroso com uma mulher chamada Jéssica na tarde do dia do desaparecimento. Segundo Vanderlei, os dois tinham "encontros esporádicos".

A Polícia Civil precisa ainda esclarecer o que teria motivado o desaparecimento: uma suposta traição, um possível roubo ou desvio de dinheiro do hotel por parte do sócio ou algo ainda não descoberto durante a investigação. 

Vanderlei nega envolvimento no desaparecimento da sócia Lucilene
Vanderlei nega envolvimento no desaparecimento da sócia Lucilene

Prisão de Vanderlei

Em 29 de março, a polícia de Porto Ferreira invadiu a casa Vanderlei Meneses com um mandado de prisão temporária. Ele teria tido uma série de discussões com a família da empresária, que o acusava de participação no desaparecimento. Na ocasião, ele prestou depoimento à polícia que foi considerado "tenso" pelos investigadores. 

A polícia defende que ele não tenha agido sozinho. Uma das hipóteses é que Lucilene acreditava ter sido traída e as suspeitas sobre Vanderlei teriam começado por causa da desconfiança.

O pedido de prisão temporária foi prorrogado e ele ficou por dois meses na Cadeia Pública de São Carlos enquanto continuavam as investigações. Foi solto em 28 de abril. 

Para a polícia, ele ainda é o principal suspeito pelo desaparecimento da empresária. Porém, o delegado não podia pedir uma terceira prisão temporária, e a Justiça entendeu que não havia provas suficientes para autorizar uma prisão preventiva.

"Estou tranquilo. Não tenho nada a ver [com o crime]. Vim falar para tranquilizar a todos, meus familiares e amigos", disse Vanderlei em entrevista.

Em janeiro, o Cidade Alerta exibiu uma entrevista com uma ex-companheira de Vanderlei, que fez relatos graves contra ele. Segundo a mulher, ele a agredia, tentou matá-la e ainda tentou abusar sexualmente da filha dela. Ele negou qualquer tipo de violência: "Eu nunca imaginei isso, tinha a Taís como amiga, a gente se relacionou por sete anos. Fiquei em estado de choque. Isso é impensável", revelou Vanderlei à Record TV.

O advogado de Vanderlei, Natanael Xavier, afirmou que "jamais vai permitir que o cliente seja denunciado ou vá a júri sem provas". Disse também que abandonaria a defesa dele se descobrisse que Vanderlei mentiu.

Corpo encontrado

O laudo da polícia, que examinou o corpo encontrado em Porto Ferreira, apontou que não se tratava de Lucilene. Uma surpresa para todos, uma vez que o local da ossada foi apontado pelo rastreamento do celular de Vanderlei e também pelos cães que sentiram o odor do suspeito e da vítima no matagal. Os policiais localizaram também uma peça de roupa ao lado do cadáver, que seria parecida com a blusa usada por Lucilene no dia 24 de dezembro.

Corpo foi encontrado pela polícia em área de matagal
Corpo foi encontrado pela polícia em área de matagal

O corpo, já em estado avançado de decomposição,foi encontrado em uma das margens do rio Mogi Guaçu. O crânio possuía a marca de uma fratura e estava sem a mão esquerda.

O material foi encaminhado para perícia e foram feitos testes de DNA para confirmar a identificação do cadáver. 

Ainda no dia 11 de maio, a defesa de Vanderlei afirmou, em entrevista, que as evidências indicavam que o corpo não era de Lucilene.

Natanael Xavier ressaltou que a altura do cadáver era diferente, o número do calçado e destacou que havia uma placa cirúrgica de 20 centímetros na perna direita, sendo que Lucilene nunca foi operada.

Com a descoberta de que o corpo não era mesmo de Lucilene, a Polícia Civil terá agora de retomar as buscas, mas continua acreditando que ela já esteja morta.

Veja mais: Polícia revela que corpo encontrado não é de Lucilene

O advogado Roberto Guastelli, que representa a família da empresária, não descarta o envolvimento de outras pessoas no caso e destaca que os indícios já levantados pelos investigadores são suficientes para levar o suspeito à prisão. "Ele vai manter a versão dele. Vamos lutar pela justiça e ele vai ser condenado", enfatizou o criminalista.

Depois da divulgação do laudo, o advogado pretende questioná-lo na Justiça e pode pedir novos exames no corpo encontrado.

Segundo as informações da polícia, o corpo seria de outra mulher, moradora da mesma cidade, que também estava desaparecida. Mais um mistério a ser desvendado na investigação.

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