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Decretada prisão preventiva de três suspeitos de incendiar Borba Gato

Paulo Galo já está preso, Danilo Oliveira se entregará e o motorista Thiago Zem está foragido. Estátua foi incendiada em 24 de julho

São Paulo|Beatriz Leite*, da Agência Record, com informações da Agência Estado

Incêndio no Borba Gato
Incêndio no Borba Gato

A Justiça de São Paulo acatou nesta sexta-feira (6) o pedido de prisão preventiva de três suspeitos de incendiar a estátua do bandeirante Borba Gato no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, no dia 24 de julho. 

A Polícia Civil havia solicitado as prisões do entregador Paulo Roberto da Silva Lima, o Paulo Galo, de 32 anos, de Danilo Silva Oliveira, o Biu, de 36 anos, e do motorista Thiago Vieira Zem, de 35 anos. Eles já haviam sido indiciados por crimes de dano, associação criminosa, incêndio e adulteração de veículo.

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A decretação das prisões acontece um dia após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) conceder habeas corpus para revogar a prisão temporária de Paulo Galo, que não chegou a ser solto e segue preso no 2º Distrito Policial, do Bom Retiro, no centro da capital.

Ao Estadão, o advogado André Lozano Andrade, responsável pela defesa do ativista, disse que houve um atraso deliberado na expedição do alvará de soltura até que fosse decretada a prisão preventiva, que não tem prazo determinado. "Não há qualquer motivação, além de política, para a manutenção de sua prisão na modalidade preventiva. Isso é uma afronta ao estado democrático de direito", diz nota publicada nas redes sociais da Galo.


Com a decisão da Justiça paulista, a liminar do ministro Ribeiro Dantas, do STJ, perdeu o efeito, uma vez que valia apenas para a prisão temporária. Ao mandar soltar o ativista, o ministro disse que não havia 'razões jurídicas convincentes e justas' para manter a detenção. Galo está preso desde o dia 28 de julho, quando se apresentou espontaneamente na delegacia e admitiu participação no ato.

Depois da liminar do STJ, a Polícia Civil enviou um relatório parcial do inquérito à Justiça e pediu a manutenção da prisão de Galo e a detenção dos outros dois investigados no caso. Na avaliação da juíza, as provas colhidas apontam para a materialidade dos crimes.


Danilo e Thiago estão foragidos. O advogado Jacob Lozano Filho, que também representa afirmou que Danilo pretende se entregar, mas não divulgou o dia. Thiago já chegou a ser preso, mas teve liberdade provisória concedida no dia 26 de julho. Ele alega que apenas foi contratado para levar os pneus que foram queimados junto ao monumento.

O incêndio

O incêndio aconteceu na tarde do último dia 24 e não houve registros de feridos. Um grupo chamado Revolução Periférica postou fotos e vídeo do monumento em chamas nas redes sociais. Em uma das imagens é possível ver os pneus já pegando fogo com pessoas vestidas de preto e uma faixa com o nome do grupo e a frase: "A favela vai descer e não será Carnaval".


Abrir o debate

Quando se entregou à polícia, Galo afirmou que o incêndio foi provocado para "abrir o debate". Nas redes sociais o protesto levantou novamente a discussão sobre o papel de Borba Gato na escravidão de indígenas e negros no Brasil. "Para aqueles que dizem que a gente precisa ir por meios democráticos, o objetivo do ato foi abrir o debate. Agora, as pessoas decidem se elas querem uma estátua de 13 metros de altura de um genocida e abusador de mulheres", disse o ativista.

Não sabem quem foi

O jornalista e escritor Eduardo Bueno se colocou contra o protesto, e defendeu o bandeirante. Em vídeo publicado esta semana em seu canal no Youtube, Bueno afirma que os manifestantes colocaram fogo em uma obra de arte e que não sabem quem foi a figura que queimaram.

Quem eram os bandeirantes?

Os bandeirantes eram um grupo que realizava incursões no interior do Brasil e perseguia povos indígenas durante o período colonial no país.

Historiadora por formação e professora de historiografia colonial na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), Iris Kantor relembra que eles não eram conhecidos como bandeirantes à época.

O termo foi criado por outros historiadores contemporâneos como Affson Taunay, diretor do Museu Paulista após 1917. Antes, os membros do grupo eram chamados de "paulistas" ou sertanistas.

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