Doria diz que vai “revisar protocolos, treinamentos e comandos” da PM
Governador disse que ficou “muito chocado” ao ver as imagens registradas em outubro deste ano, em Paraisópolis, de jovens sendo agredidos por PM
São Paulo|Kaique Dalapola e Cesar Sacheto, do R7
Cinco dias depois da ação da Polícia Militar no Baile da Dz7, em Paraisópolis (zona sul de São Paulo), resultar na morte de nove jovens supostamente pisoteados, o governador do Estado, João Doria, disse nesta quinta-feira (5) que vai “revisar protocolos, treinamentos e comandos para que nenhum policial militar aja desta maneira”.
Leia também: Prefeitura anuncia baile funk, mas Covas não se posiciona sobre mortes
O governador comentou sobre as possíveis mudanças na Polícia Militar para complementar a resposta que disse ter ficado “muito chocado” em ver as imagens registradas em outubro deste ano, também em Paraisópolis, que mostram diversos jovens — inclusive um que anda com auxílio de muletas — sendo agredidos por um PM que usa um bastão. Após a divulgação das imagens, o policial foi afastado do patrulhamento de rua.
"Como governador do Estado de São Paulo, tendo sido eleito governardor, não aceito que esse tipo de procedimento exista e não mais vai existir. Ou, pelo menos, faremos de tudo para que isso não aconteça", afirmou Doria.
O governador de São Paulo disse que os casos de violência policial não são rotineiros e destacou que "as circunstâncias pontuais que representam falha no procedimento da polícia tem que ser corrigida de imediato".
Leia também: Quem são os 9 jovens que morreram no baile funk em Paraisópolis
Os policiais militares que proporcionarem cenas de violência ou uso desnecessário da força, segundo Doria, "devem ser punidos". "Essa é uma circunstância inaceitável — que a melhor polícia do Brasil utilize de violência ou de força desproporcional e desnecessária quando não há nenhuma reação de agressão”.
Filosofia da violência
A jurista e advogada especializada em Direito Penal e Criminologia Jacqueline Valles entende que o clima de armamento criado pelos governos tem influenciado policiais militares e demais agentes da segurança pública que atuam nas ruas a agirem com mais violência.
Leia também
"Ele se sente na obrigação de usá-lo [o armamento] de forma muito mais gritante e empírica que no que entende ser certo ou não. Está incentivado, influenciado por uma força porque entende representa bem e o que não gosta representa o mal. Ele vai atrás, agride, humilha as pessoas dentro de uma uma excludente razoável de entendimento", analisou.
Jacqueline Valles entende que essa influência, classificada pela especialista como um "péssimo exemplo" para agentes públicos que trabalham armados, torna os policiais vulneráveis e malvistos pela sociedade civil.
"O mal não é a sociedade e o também não é o policial, que também tem parentes em favelas ou que frequentam bailes funk, mas que se vê na obrigação de agir de uma formão tão monstruosa", complementou a jurista Jacqueline Valles.