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Edifício que desabou em SP era grande exemplar modernista

Edifício Wilton Paes de Almeida foi inaugurado em 1968 e tombado em 1992. Por ser tombado, o prédio não podia sofrer alterações externas

São Paulo|Do R7

Ele foi um dos primeiros a ter uma fachada de esquadrias preenchidas com vidro
Ele foi um dos primeiros a ter uma fachada de esquadrias preenchidas com vidro

Quase irreconhecível nas últimas décadas, o Edifício Wilton Paes de Almeida, projeto do arquiteto francês Roger Zmekhol, foi inaugurado em 1968 e era considerado um dos mais importantes exemplares da arquitetura moderna em São Paulo. Tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo) em 1992, o prédio não podia sofrer alterações em sua configuração externa.

Com 24 pavimentos, planta livre, estrutura de concreto armado e com privilégio do aço em sua construção, o edifício foi um dos primeiros da cidade a exibir uma fachada formada inteiramente por esquadrias preenchidas com vidro - uma condição propiciada pela ideia de concentrar as áreas de serviço, bem como a infraestrutura hidráulica e elétrica, no miolo do edifício.

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Em seu meio século de vida, abrigou, entre 1980 e 2003, a Polícia Federal e o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Pertencia à União, mas havia sido cedido à Prefeitura.


"Em um raio de 15 quilômetros ao redor do Largo do Paiçandu existem muitas outras construções tão icônicas quanto o Wilton Paes de Almeida, muitas delas tombadas, mas igualmente afetadas pelo abandono, pela falta de manutenção e por sucessivas ocupações", afirma José Roberto Geraldine Junior, presidente do CAU-SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo).

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Para Geraldine Junior, antes que novas tragédias aconteçam, é preciso investir em uma política urbana mais articulada e eficaz. "Sem se entender, o poder público, nas suas diversas esferas e gestões, permitiu que o cenário fosse se agravando, adiando a recuperação ou mesmo uma nova destinação ao edifício, até para amenizar a precária situação habitacional no centro", diz o arquiteto.

Igreja sob escombros


As dimensões relativamente modestas da Igreja Luterana de São Paulo, na Avenida Rio Branco, contrastam com sua relevância histórica e arquitetônica para a cidade. Em especial agora, quando se estima que ao menos 90% de sua construção tenha sido destruída pelos escombros do desabamento ocorrido nesta terça-feira (1º). Foi um dos cinco prédios afetados pelo desabamento.

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"Pelas imagens que vi, sobraram só a torre e parte do altar", afirma o pastor luterano Frederico Carlos Ludwig, responsável pela paróquia. "Há tempos tínhamos notado que o prédio parecia se inclinar em direção à rua. Tentamos denunciar a situação aos órgãos competentes, mas sem sucesso", diz o pastor.

Primeiro templo em estilo neogótico construído na capital, primeira paróquia luterana e marco da colonização alemã, a igreja era tombada e não podia ser modificada. Projetada pelo arquiteto alemão Guilherme Von Eÿe e inaugurada em dezembro de 1908, contava com um único pavimento - de 465 m² de área construída -, além de uma torre com acesso frontal por meio de uma porta de madeira.

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Seus interiores exibiam vitrais da célebre Casa Conrado. E havia outra preciosidade guardada a sete chaves: um órgão musical construído originalmente pela Casa Walcker alemã, com 620 tubos. "O prejuízo é incalculável", lamenta o religioso. 

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