Em São Paulo, 69,5% das crianças com covid-19 não têm sintomas
No estudo anterior, o índice era de 64,4% de crianças que não apresentavam sintomas. Prevalência da doença é de 16% entre estudantes
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
O secretário de saúde Edson Aparecido afirmou, nesta quinta-feira (27), que 69,5% de crianças da rede estadual que tiveram contato com o novo coronavírus não apresentaram sintomas. O índice, revelado pelo inquérito sorológico infantil realizado pela prefeitura de São Paulo, representa mais do que o dobro de crianças que manifestaram sintomas. No estudo anterior, o índice de assintomáticos era de 64,4%.
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Esta é a segunda fase do inquérito sorológico realizado com crianças da rede municipal. O estudo procurou averiguar a prevalência da covid-19 entre crianças entre 4 a 14 anos. A pesquisa selecionou 6 mil crianças e adolescentes e foi realizada entre 18 de agosto e 20 de agosto.
Na fase um, realizada até 11 de agosto, houve a prevalência da doença em 16,1% de estudantes, o que significa dizer que 108.823 estudantes possuíam anticorpos para o novo coronavírus. Na segunda fase, o estudo detectou que 18,3% das crianças tiveram contato com o novo coronavírus, ou seja, 123.694 apresentaram anticorpos para a doença. "Ainda é preciso aguardar mais uma fase para saber se há uma tendência de aumento ou de permanência", afirmou o prefeito Bruno Covas.
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Em relação à prevalência da doença, o inquérito reforçou a maior incidência em crianças pretas e pardas de 20%, enquanto que entre crianças branças é de 16,1%. A doença também é predonimante entre crianças de classes sociais D e E. Entre as crianças que convivem com pessoas com mais de 60 anos, a prevalência do coronavírus é de 26,3%.
"A segunda fase mostra o acerto da prefeitura em não autorizar o retorno às aulas em setembro na cidade", disse Covas. Entre 10 e 15 de setembro, será realizada a terceira fase do inquérito com crianças da rede municipal, estadual e privada da capital. A partir dos resultados dessa fase, a prefeitura decidirá se haverá o retorno às aulas em São Paulo neste ano.
O secretário de educação municipal Bruno Caetano disse que a prefeitura trabalha na entrega de materiais de aprendizado aos alunos e no ensino à distância. "Há uma orientação do Conselho Municipal de Educação para que não haja retenção neste ano. Com aulas presenciais ou sem elas, a retenção não será feita porque os conteúdos serão recuperados ao longo do ano de 2021", afirmou. "Os educadores já trabalham com a priorização dos conteúdos e a avaliação final será feita ao final do ano que vem, quando poderá se falar em retenção ou não."
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A administração municipal anunciou uma parceria com a Faculdade de Medicina da USP para oferecer apoio médico e psicológico às pessoas infectadas e contaminadas pelo coronavírus. "Será feito um recorte específico para atender crianças dos zero aos dois anos, aos idosos e à população preta da cidade." O prefeito Bruno Covas afirmou que em dois meses deve haver um primeiro relatório parcial das consequências do coronavírus na cidade.
Inquérito sorológico
O secretário apresentou também a nova fase do inquérito sorológico para a população da cidade de São Paulo. A base de dados foi de 5.760 domicílios sorteados para a pesquisa. Na fase quatro, a prevalência é de 11% de pessoas com anticorpos para o novo coronavírus na cidade de São Paulo. "Esse cenário vai se consolidando", disse. A região centro-oeste continua sendo a de menor prevalência por ter tido maior adesão ao processo de distanciamento social.
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Na atual fase, 13,1% está entre 18 a 34 anos. A prevalência também ocorre em pessoas que possuem somente o ensino fundamental (15,6%), entre pretos e pardos (15,1%), entre a classe D e E (18,2%) e entre pessoas que vivem com cinco ou mais moradores (16%). A fase 4 do estudou indicou ainda que o fator principal da contaminação está mais relacionado ao convívio familiar do que em relação à utilização do transporte coletivo.
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A proporção de assintomáticos entre adultos é de 40,6% contra 59,4% de sintomáticos. A prevalência maior é nas áreas de menor IDH na cidade. "Duas tendências foram reforçadas: o coronavírus afeta mais os menos favorecidos. Na população preta e parda há uma incidência duas vezes maior do que na população branca", afirmou o prefeito Bruno Covas. "Há a confirmação da tendência do índice de prevalência de 11%. As pessoas estão mantendo o controle e o respeito às normas sanitárias e estamos conseguindo reabrir sem uma segunda onda da doença na cidade."