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Empresas de segurança em SP perderam 2.782 armas desde 2017

Sumiço de armamento, em meio a ocorrências de furto, perda e roubo, faz estado de São Paulo liderar estatísticas nacionais

São Paulo|Gabriel Croquer e Guilherme Padin, do R7

Maioria das empresas e do arsenal privado do Brasil se concentra em São Paulo
Maioria das empresas e do arsenal privado do Brasil se concentra em São Paulo

Empresas de segurança do estado de São Paulo perderam 2.782 armas desde 2017 — mais de uma por dia — segundo dados divulgados pela agência de dados Fiquem Sabendo e obtidos via Lei de Acesso à Informação a partir da série histórica de casos registrados na PF (Polícia Federal). 

O número soma registros da PF de furto, perda e roubo nas empresas e coloca o estado na liderança das estatísticas nacionais. Em 2021, mesmo com redução expressiva da quantidade de armas roubadas desde 2017, São Paulo ainda responde por quase um terço dos ocorrências.

A redução do número de armas perdidas ou roubadas também veio acompanhada do aumento de recuperações e arrecadações do arsenal das empresas. Desde 2017, 1.785 unidades que pertenciam aos agentes privados foram apreendidas, segundo a Polícia Federal.

Especialistas alertam que muitas destas armas legais perdidas acabam sendo desviadas para o crime, que pode conseguir nos estoques de empresas de segurança mais uma fonte de armamento, além dos arsenais apreendidos pela polícia, Exército e de clubes de tiro.


"As armas do mercado ilegal vêm 100% do mercado legal. A arma é um elemento industrial, ela não é fabricadas de forma artesanal e nem aparece na natureza. Ela é fabricada em uma indústria, em algum momento ela foi legal", comenta o gerente de advocacy do Instituto Sou da Paz, Felippe Angeli.

"Se tem mais armas, mais armas vão ser desviadas. É um produto que tem valor econômico e tem uma alta demanda no mercado ilegal. Quem tem acesso facilitado a ele e é corrupto desvia, porque ganha dinheiro com isso. Seja um policial, ladrão, atirador esportivo."


A concentração de empresas de segurança no estado e na região Sudeste ajuda a explicar a disparidade de casos de São Paulo. Atualmente são 3.603 estabelecimentos no Brasil, com 40% destas na região Sudeste do país e 25,3% só no estado paulista (912). Rio de Janeiro (268), Paraná (242) e Minas Gerais (217) vêm em seguida entre as unidades da federação com mais entidades privadas do setor, incluindo filiais e matrizes.

São Paulo também concentra a maior parte do arsenal nacional privado, com 59.086 armas. Deste estoque, 82% (48.430 unidades) é do tipo revólver calibre .38. Em todo o Brasil, são 246.511 armas de fogo na posse de empresas de segurança. 


A Polícia Federal diz que fiscaliza todas estas empresas pelo menos uma vez por ano, o que já gerou 23.283 processos desde 2016 contra os donos das armas. Neste mesmo período, a PF também cancelou o alvará de funcionamento de 516 companhias por má conservação das armas.

Os cinco tipos de armas mais comuns em empresas de São Paulo
Os cinco tipos de armas mais comuns em empresas de São Paulo

Para Isabel Figueiredo, membro do Conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de armas perdidas é "completamente" subnotificado por falhas na fiscalização das políciais estaduais e também de controle das entidades de segurança. 

"Há uma falha estrutural no país de controle das empresas de segurança, e temos uma quantidade gigantesca, inclusive, de empresas de segurança irregulares com profissionais de segurança, que contrariando a lei, são também proprietários de empresas de segurança."

O presidente do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada em São Paulo), João Eliezer Palhuca, concorda que falta fiscalização das armas em posse das companhias. Ele opina que a lei atual do setor, sancionada em 1983, está obsoleta e precisa de atualização para que entidades do setor possam regulamentar novas diretrizes de trabalho. 

Como alternativa, Palhuca cita o Estatuto da Segurança Privada, previsto em projeto de lei que aguarda votação no Senado desde o final de 2019. "As empresas de segurança querem ter um sistema de controle de armazenamento de arma muito mais rigoroso do o tem hoje. E é só com a lei que se pode fazer isso."

As empresas de segurança têm a obrigação de comunicar a Polícia Federal e Civil simultaneamente. Às vezes é comunicado só para uma%2C e às vezes sequer é comunicado

(Isabel Figueiredo, Fórum Brasileiro de Segurança Pública)

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