"Era uma tragédia anunciada", dizem moradores sobre o incêndio
Moradores, vizinhos e bombeiros falam sobre o incêndio e desabamento de prédio no centro de São Paulo na madrugada desta terça-feira (1º)
São Paulo|Karla Dunder, do R7
"Era é uma tragédia anunciada", essa é a frase mais repetida por moradores e curiosos que estão observando o trabalho dos bombeiros no Largo Paissandu, na manhã desta terça-feira (1º), depois que um prédio ocupado desabou por causa das chamas.
Na praça estão reunidos alguns moradores que estavam na ocupação no momento do incêndio. Ana Paula Santos, moradora do 5º andar, diz que ouviu um estrondo. "Achei que fosse tiro, fui olhar pela janela e vi o fogo. Foi o tempo de pegar as minhas crianças e sair correndo. Tentamos avisar as pessoas. Foi um desespero", conta. Ela e as crianças ganharam colchões e cobertores da assistência social.
A família pagava R$ 400 para morar na ocupação. Ana Paula acredita que o fogo começou por conta dos "gatos" - ligações elétricas irregulares. "Eu acho que foi problema de luz, mas depois teve uma explosão de um botijão de gás. Aí foi o desespero total e pouco depois desabou".
Covas: 'Prefeitura não podia fazer nada. Prédio é do governo federal'
Funcionários de um padaria distribuíram café com leite e pão para as pessoas que estão desabrigadas. O dono do estabelecimento, que trabalha há 50 anos na região Central, disse que ficou triste com a situação, mas não surpreso. "Tem muitos prédios nessa situação aqui. Infelizmente precisou acontecer uma tragédia para que as autoridades vejam a realidade do centro", lamentou.
A professora Maísa Ferreira Alves trabalha como voluntária na região e chegou a denunciar a situação do prédio. "Eu avisei a prefeitura que a situação era terrível. Muitos fios, muito gato e sem o mínimo de condições de higiene."
O morador de um prédio vizinho, Rogério Tadeu Balek estava indignado: "Em 2015 houve uma desocupação do prédio pela Defesa Civil e Bombeiros, 15 dias depois o local foi ocupado por movimentos sociais." Balek diz que foi pessalmente até o ministério público e fez uma denúncia, que foi protocolada e virou inquérito civil.
Ana Cristina Macedo morou por 8 meses na ocupação e o medo a fez se mudar do local. "Umas seis famílias moravam no local que tinha muitas divisões de madeira e gatos. O triste é que muitas crianças estavam crescendo nessa situação."
Governador de São Paulo fala, com exclusividade, sobre prédio que desabou na capital
O coronel Ricardo Peixoto do corpo de bombeiros explica que, no momento, a equipe está trabalhando na fase de rescaldo porque ainda tem focos de incêndio. O trabalho para a retirada de entulho deve levar uma semana. "Primeiro trabalho manual , ferramentas e por fim os tratores".
Sobre a mãe e os gêmeos que estariam desaparecidos, Peixoto diz que o bombeiros acreditam que eles tenham fugido do local durante a confusão. "Nós temos esperanças que eles estejam vivos e bem".
Veja imagens dos incêndio e desabamentoo no centro de SP: