O estudante Douglas Gomes Viana, 18 anos, morreu após ser baleado próximo a um baile funk no Jardim Porto Velho, região do Grajaú (zona sul de São Paulo), na madrugada deste domingo (27).
O jovem participava de uma festa que fecha pelo menos duas ruas do bairro e reúne centenas de jovens nas noites de sábado. Os eventos costumam acontecer até as madrugadas de domingo.
O 'Bailão do Porto', como é conhecido, acontece há cerca cinco anos. Segundo participantes, frequentemente o evento é interrompido por ação policial, que atende denúncias contra o barulho.
De acordo com um morador que afirma ter presenciado o crime, os policiais chegaram em uma Hilux da PM (carro utilizado pela Força Tática) e um dos agentes desceu atirando contra Douglas. Outros dois policiais desceram do carro em seguida, e efetuaram outros disparos.
"A PM chegou na maldade, atirando sem olhar. Fizeram isso para acabar com o baile [funk]. O baile já estava rolando, tinha um monte de gente na rua, e os policiais já chegaram mandando bala", disse o morador.
Procurada pela reportagem, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) disse que a PM foi acionada para atender uma ocorrência e "chegando ao local, ouviram disparos de arma de fogo e logo depois viram Douglas caído no chão, já morto".
Segundo a pasta, os policiais encontraram outro adolescente que também havia sido baleado. Ele foi socorrido ao Hospital Geral do Grajaú.
Policiais teriam ouvido uma testemunha que estava no local e não soube dar informações sobre os autores do crime. O adolescente sobrevivente também teria dito aos policiais que não sabe a origem dos disparos.
A noite em que o R7 caiu no 'pancadão' do Grajaú
"Sempre só chegam na rua do baile. Nos bairros próximos aqui tem outras festas, tem forró, mas só querem atrasar o baile mesmo", diz outro morador, que estava no evento no momento da ação. Os moradores não se identificam com medo de represálias.
O caso aconteceu por volta das 2h de domingo. No início da tarde, por e-mail, a reportagem questionou a CComSoc (Centro de Comunicação Social) da Polícia Militar sobre a ocorrência. Em contato telefônico, o comando informou que tinha um chamado na PM sobre “um possível baleado”, sem outras informações.
A reportagem entrou em contato com a CComSoc da PM novamente às 18h20 desta segunda-feira. Desta vez, a informação por telefone foi que não há nenhum registro de ocorrência sobre baleado no local na madrugada de domingo.
Em entrevista ao R7, publicada em 16 de maio, o comandante da PM de São Paulo, coronel Marcelo Viera Salles, disse que “esses eventos que acontecem muitas vezes por falta de opção de diversão, de entretenimento”.
Sob o comando da Polícia Militar, o coronel disse que ocorrência de perturbação de sossego como essa terá um trabalho no entorno, para reduzir evitar os bailes funk e ter “até um caráter dissuasor”, com o intuito de diminuir os episódios de violência.
Sobre o assassinato, a SSP-SP disse que o caso foi registrado no 101º DP (Jardim Imbúias) e encaminhado ao DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa).
Também foi solicitado perícia local e exame necroscópico das duas vítimas. O DHPP instaurou um inquérito policial para apuração dos fatos.