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Estudantes ocupam prédio da Presidência da República em SP

Manifestantes reclamam de cortes e atrasos no repasso de verbas

São Paulo|Gustavo Basso, do R7

Estudantes dizem estar no escritório da Presidência; segurança do gabinete nega
Estudantes dizem estar no escritório da Presidência; segurança do gabinete nega

Cerca de 50 estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ocuparam na tarde desta quinta-feira (26) o gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, na avenida Paulista. Eles protestam contra os cortes de investimentos nas universidades federais e nos programas de assistência estudantil.

Segundo os manifestantes, apenas 48% da verba prevista para a Unifesp para 2017 foi entregue e os cortes em assistência comprometem a permanência de um grande parcela de estudantes na universidade (leia mais abaixo a nota divulgada pelos estudantes).

Uma aluna de Ciências Sociais da unidade de Guarulhos, que prefere não ser identificada, afirma que seria a primeira vez que o gabinete da Presidência, localizado no terceiro andar do prédio, é ocupado.

Policiais militares fecham a frente do prédio, situado próximo à esquina com a rua Augusta, e estariam impedindo a entrada da imprensa, segundo um fotojornalista presente no local. Os policiais também estão localizados no saguão do prédio.


Contatado pelo R7, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) afirma que os estudantes não conseguiram entrar no escritório da Presidência. “Eles podem ter chegado ao terceiro andar, onde funciona o escritório do presidente, mas a informação que temos é que não entraram no escritório”, afirma o coronel Amilton Ramos, chefe da assessoria de comunicação social do órgão. Ele diz que no andar funcionam outros estabelecimentos além do gabinete da Presidência.

Gabinete de segurança diz que outros estabelecimentos funcionam no terceiro andar, e que estudantes não entraram no escritório do presidente
Gabinete de segurança diz que outros estabelecimentos funcionam no terceiro andar, e que estudantes não entraram no escritório do presidente

Ramos afirma ainda que as medidas para reintegração do prédio serão tomadas pela Polícia Militar paulista.


Procurado pelo R7, o MEC (Ministério da Educação) nega os números apresentados pelos estudantes. Segundo o ministério, já foi liberado, no começo do mês de outubro, 85% da verba de custeio. "Como já se passaram 10 meses (cerca de 80% do ano), equivale a valor além do percentual correspondente ao período, suficiente para pagamento de despesas de custeio em todos os institutos do país", afirma a nota enviada por sua assessoria.

O MEC afirma também que no começo do mês foi liberado 100% do repasse para assistência estudantil, cabendo às universidades o empenho desta verba. Diz também que a assistência é de gestão autônoma de cada universidade.


A reportagem tentou entrar em contrato com a Unifesp, mas não obteve resposta.

Leia a nota divulgada pelos estudantes:

Vivemos uma grave crise das universidades públicas que se expressa de diversas maneiras. Os cortes, que já ocorrem há alguns anos, têm afetado de forma truculenta o funcionamento das instituições de ensino, que com muita dificuldade tentam fechar o ano letivo. Esforça-se para reduzir gastos com energia e água, há a redução de materiais como papel e tinta para impressões, redução de transporte para extensão e encontros e redução de bolsas de permanência.

Uma política consistente de permanência estudantil é fundamental para que os estudantes pobres, negros e negras, filhos da classe trabalhadora tenham minimamente condições para finalizar seu curso. Os cortes nos auxílios e nos restaurantes universitários prejudicam diretamente os estudantes com maior vulnerabilidade. Os ataques sucessivos a educação representa um imenso retrocesso na luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.

Em abril a educação recebeu um corte de 4 bilhões. E a Universidade Federal de São Paulo recebeu até então apenas 48% da sua verba prevista. Para 2018 está previsto ou mais cortes, sobretudo nas bolsas ou a impossibilidade de funcionamento da instituição. Este é um problema recorrente no país inteiro, de universidades com déficit de orçamento de até 100 milhões. Com paralisação de obras, falta de materiais, cortes em moradia estudantil, demissão dos trabalhadores terceirizados, sobrecarga dos técnicos-administrativos, falta de professores etc.

Repudiamos o descaso com a educação. Repudiamos o caráter elitista da universidade e como funciona hoje.

Sabemos que a educação não é um caso isolado, e está dentro de um projeto político pensado que é colocado em prática com maior intensidade pelo governo ilegítimo de Michel Temer e sua corja. Faz parte de uma política privatizatizante e de precarização da vida dos trabalhadores aplicando assim medidas como reforma trabalhista, a reforma da previdência, terceirização e etc.

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