Fé e exercícios são receitas de cura, diz PM da reserva com covid-19
Com diagnóstico de coronavírus confirmado nesta quarta-feira (1), tenente-coronel aposentado, de 63 anos, está internado no hospital da PM, em SP
São Paulo|Cesar Sacheto, do R7
Diagnosticado por médicos do Hospital da Polícia Militar de São Paulo como portador do novo coronavírus, nesta quarta-feira (1), o tenente-coronel da reserva José de Almeida Noronha, de 63 anos, vê na manutenção do equilíbrio, emocional e físico, uma grande arma para combater a doença. O militar acredita que terá a recuperação antecipada com atitudes positivas e exercícios, além dos cuidados médicos e do tratamento hospitalar.
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"Algo que me fez bem e etendo ter abreviado minha recuperação foi a autoestima, fé e exercícios físicos. O quarto tem cerca de 12 metros quadrados e, todos os dias, caminho aqui dentro. Iniciei [o percurso] com 500 metros, [aumentei para] 1,5km e ontem [terça] cheguei a 6km. É necessário manter bem alta a predisposição a sobreviver, princípio que sempre empenhei passar aos meus alunos em tiro defensivo. É uma fabulosa terapia individual", avaliou militar da reserva da PM paulista.
José de Almeida Noronha não tem ideia de quando foi infectado, mas suspeita que tenha contraído o vírus da covid-19 após ter hospedado em sua residência, na cidade de Caieiras, na Grande São Paulo, um parente, de 60 anos, que havia sido internado para a realização de uma cirurgia no joelho e que teve o seu estado de saúde afetado por complicações.
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"Ele é curatelado [tutoriado] pela minha esposa. Ficou alguns dias em casa num aposento especialmente adaptado e foi atendido por uma cuidadora registrada. Alguns dias após, reclamava de dores na coluna, foi levado ao hospital e lá constatado uma infecção urinária, bexiga e rins, chegando a pneumonia".
O militar disse os seus sintomas surgiram após o período em que o cunhado foi encaminhado para a UTI da unidade hospitalar e teve a companhia da sua esposa, prazo estimado em aproximadamente quatro dias. "Nesse período, a minha esposa voltou para casa com a finalidade de melhorar as condições dos aposentos dele. Forrei o piso com borracha, quando em função do cheiro, passei ter gripe e inflamação na garganta" contou o oficial da reserva.
Para Noronha, o contágio se deu pela exposição dos familiares ao ambiente hospitalar naquele espaço de tempo, hipótese que teria sido corroborada pelo médico que o atendeu, como diz. A esposa do policial militar, de 57 anos, está sendo monitorada com suspeita de ter contraído o coronavírus.
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"Naqueles trabalhos, fui acometido de uma lombalgia aguda, passei por vários atendimentos ortopédicos e várias medicações. A gripe ficou mais intensa e também na minha esposa. O meu cunhado continua internado infecção pulmonar", acrescentou o tenente-coronel Noronha.
Desconfiado por sentir dores no peito, na cabeça, cansaço e dificuldade respiratória, Noronha levou a esposa - que tinha sintomas semelhantes, porém menos intensos - ao Hospital Cruz Azul, ondteve diagnosticado um quadro de pneumonia. "Nas duas horas do atendimento, senti que piorei muito. Então segui ao HPM [Hospital da Polícia Militar], onde fui internado na mesma noite de 27 de março", complementou.
Sacrifícios da tropa
O tenente-coronel da reserva da PM também lamentou a morte da sargento Magali Garcia, de 46 anos, que trabalhava no Copom (Centro de Operações da PM), primeira vítima da corporação no Estado. José Almeida Noronha também elogiou a atuaççao da tropa desde o início da pandemia, especialmente daqueles que estão na linha de frente do trabalho.
"Os PMs e os atendentes de saúde são abnegados guardiões da saúde pública. Mas os patrulheiros trabalharam em condições precárias, sob intenso risco, inclusive quanto ao potencial de contaminação dos familiares", enfatizou o oficial aposentado. Segundo ele, há pelo menos cinco outros policiais militares - não há informações se são da ativa ou não - internados com suspeita da doença. "A boa notícia que recebi, há pouco, [houve] cinco altas na data de hoje", concluiu o tenente-coronel Noronha, que ainda não tem previsão de alta hospitalar.