Feminicídios voltam a crescer durante a quarentena em SP
Números atingiram o maior patamar desde 2018 no período dos primeiros sete meses do ano. Até julho de 2020, 101 mulheres foram assassinadas
São Paulo|Mariana Rosetti, da Agência Record
O número de casos de feminicídio voltou a crescer durante a quarentena no estado de São Paulo e atingiu o maior patamar desde 2018, considerando o período dos primeiros sete meses do ano. Segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública), de janeiro a julho deste ano, foram registrados 101 casos de feminicídio.
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O número é 12% maior que os 90 casos registrados nos mesmos sete meses de 2019 e superior ao mesmo período de 2018, quando 73 casos de feminicídio foram registrados
Desde o início da quarentena, instaurada pelo governo estadual em 24 de março, o número de boletins de ocorrência registrados com a qualificadora feminicídio apresentava queda gradual. No último mês, no entanto, o quadro mudou.
No mês de abril foram registrados 21 casos de feminicídio, em maio 9 casos e em junho 8 casos. Já em julho, o número voltou a crescer, com o registro de 13 casos de feminicídio, segundo a SSP.
Feminicídio
Em 09 de março de 2015, a Lei no 13.104 inseriu no Código Penal o crime de feminicídio, uma qualificadora do homicídio, com pena de 12 a 30 anos de reclusão, considerado crime hediondo contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
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O Núcleo de Gênero do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) realizou uma pesquisa intitulada "Raio X do Feminicídio em São Paulo: é possível prevenir a morte", em que analisou 364 denúncias de feminicídio oferecidas pelo Ministério Público entre março de 2016 a março de 2017, no Estado.
A pesquisa concluiu que, em 66% dos casos analisados, a vítima sofreu o golpe fatal dentro da casa que morava, que se tornou o local do crime.
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Para identificar o perfil das vítimas, o estudo analisou o vínculo das mulheres com quem pratica o crime, e concluiu que a maior incidência de feminicídio ocorre entre pessoas que têm, ou tiveram, uma relação de união estável, isso corresponde a 70% dos casos analisados pela pesquisa.
Durante a pandemia do novo coronavírus, em que é aconselhado o isolamento social e a permanência em casa, o cenário pode se tornar preocupante para as vítimas de violência doméstica e feminicídio.