O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, informou neste domingo (16), em entrevista coletiva, que pretende fazer uma reunião com as lideranças do Movimento Passe Livre, responsável pelas manifestações que vêm ocorrendo na capital contra o aumento da tarifa do transporte público.
Grella convocou a reunião com os líderes para esta segunda-feira, às 10h, na secretaria. Ele disse que o objetivo maior do encontro é definir antecipadamente o percurso que será feito durante o próximo protesto, marcado também para esta segunda-feira, às 17h, a partir do largo da Batata, na zona oeste da capital.
— A Polícia Militar tem condições de planejar o trajeto com algumas horas de antecedência, para reduzir o incômodo [da população] e proteger os manifestantes.
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Ele enfatizou que não quer uma repetição dos fatos ocorridos na semana passada, como o intenso confronto entre policiais e manifestantes, resultando em pessoas feridas, inclusive da imprensa. Durante a entrevista, um grupo de fotógrafos pediu ao secretário medidas para que não sejam atingidos, como ocorreu na última quinta-feira (13). O grupo sugeriu o uso de um colete com identificação de imprensa, proposta que foi aceita por Grella.
O secretário comentou também críticas de que policiais não estariam utilizando a tarjeta com identificação, atitude que impede uma punição caso sejam flagrados cometendo excessos contra a população.
— [Essa] conduta será responsabilizada administrativamente, nenhum [policial] está autorizado a tirar [a tarjeta].
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Grella acrescentou que espera uma manifestação pacífica e que o uso da Tropa de Choque não seja necessário.
Movimento Passe Livre
Os quatro protestos que pararam São Paulo, nos últimos dias, são organizados pelo Movimento Passe Livre. O MPL tem como principal bandeira a mudança do sistema de transporte das cidades da iniciativa privada para um modelo público, "garantindo o acesso universal através do passe livre para todas as camadas da população". O movimento calcula que 37 milhões de brasileiros deixam de se utilizar do transporte público por não poder arcar com o custo das passagens.
Na prática, o MPL quer que o transporte público seja gratuito. Portanto, a briga não é somente contra o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte coletivo em São Paulo — de R$ 3,00 para R$ 3,20. Sua carta de princípios diz que "o MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos jovens e trabalhadores pela expropriação do transporte coletivo, retirando-o da iniciativa privada, sem indenização, colocando-o sob o controle dos trabalhadores e da população".