'I love you' e 'te quiero': homens que fingiam ser estrangeiros para dar golpe do amor são presos
Operação da Polícia Civil investigou quadrilha, prendeu quatro suspeitos e encaminhou três pessoas para interrogatório
São Paulo|Edilson Muniz, da Agência Record
A Polícia Civil fez uma operação contra suspeitos de cometerem o golpe do amor. A quadrilha enganava mulheres que pensavam estar se relacionando com um homem estrangeiro. Quatro pessoas foram presas e três foram encaminhadas para serem interrogadas na manhã desta sexta-feira (10), em São Paulo.
O objetivo da operação foi cumprir oito mandados de prisão e outros 14 de busca e apreensão contra suspeitos de fazerem parte de uma quadrilha de homens que enganavam mulheres com falsas promessas de amor e pediam dinheiro através do "golpe don Juan".
Golpe don Juan
De acordo com as investigações, um dos integrantes da quadrilha consegue o número de telefone da vítima e a chama para conversar. Segundo o delegado Milton Burguese, o grupo mandava mensagens aleatórias para várias pessoas até que escolhessem o alvo certo para aplicar o golpe. A preferência era por mulheres idosas.
Ao longo da conversa, que dura meses, o suspeito consegue fazer a mulher se apaixonar. Ele faz a vítima acreditar que é um estrangeiro ao mandar áudios com declarações de amor em inglês e espanhol, que diziam "I love you" e "te quiero".
Leia também
Depois de algum tempo, o namorado, que supostamente mora em outro país, diz que recebeu uma bonificação em dinheiro no trabalho e que vai para o Brasil para que, juntos, ele e a vítima possam comprar uma casa e construir a vida a dois.
Os golpistas, colombianos, usaram a foto do prefeito de uma cidade da Moldávia, um país no leste da Europa.
Combinada a viagem, o golpista diz que vai mandar algumas bagagens antecipadamente e pede que a vítima pegue para ele. Nesse ponto do golpe, outros integrantes assumem e entram em contato com a mulher para informar que são funcionários de uma transportadora.
Os golpistas dizem que, para pegar o material, a mulher precisa pagar uma taxa. Com isso, a quadrilha consegue altas quantias em dinheiro e recebe valores milionários de diversas vítimas que caem no golpe.
Início da investigação
A investigação começou quando uma mulher de idade avançada, viúva, sozinha e sem filhos foi até a delegacia para registrar uma ocorrência por a bagagem do suposto namorado não ter sido entregue, antes de ela saber que ele era parte da quadrilha.
A mulher teve um prejuízo de mais de R$ 100 mil em empréstimos consignados.
Após alguns meses de investigação, os agentes chegaram aos envolvidos no golpe. Todos foram identificados, e uma operação para cumprir os mandados de prisão e busca e apreensão na capital e região metropolitana foi elaborada. Dois brasileiros e dois colombianos envolvidos no caso foram presos. Três pessoas foram levadas para interrogatório.
O crime em que a quadrilha se enquadra, segundo a polícia, é de estelionato emocional. As investigações continuarão ainda depois da operação. Pelo menos cinco boletins de ocorrência foram descobertos vinculados à quadrilha.
A ação foi coordenada pela 5ª Delegacia Seccional Leste, localizada na avenida Celso Garcia, no bairro do Tatuapé. A operação contou com apoio de cerca de 28 equipes da seccional e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).
O ano de 2022 foi marcado por uma sequência de golpes e, entre os principais, está o golpe do Pix. A ferramenta bancária que, desde 2020, permite transferências de dinheiro sem a cobrança de taxas, também fez com que o número de sequestros-relâmpagos n...
O ano de 2022 foi marcado por uma sequência de golpes e, entre os principais, está o golpe do Pix. A ferramenta bancária que, desde 2020, permite transferências de dinheiro sem a cobrança de taxas, também fez com que o número de sequestros-relâmpagos no estado de São Paulo aumentasse. Nesse tipo de golpe, pessoas são enganadas por mensagens de WhatsApp ou telefone e acabam fazendo transferências. Há casos em que as vítimas são feitas reféns, o que causa trauma e pavor.