Jovens presos em protesto contra instituto em São Roque deixam cadeia
Manifestação terminou com três carros incendiados na rodovia Raposo Tavares
São Paulo|Fernando Mellis, do R7
Os dois jovens que permaneciam presos após o protesto de sábado (19), em defesa dos animais e contra o Instituto Royal, em São Roque (SP), deixaram a cadeia por volta das 16h deste domingo (20), após a Justiça aceitar um pedido de liberdade provisória e o pagamento de fiança. Outras duas pessoas foram soltas ontem. A manifestação reuniu cerca de 300 pessoas na rodovia Raposo Tavares e terminou em confusão e vandalismo.
Os quatro detidos foram indiciados por danos. Uma viatura da PM e dois carros da TV TEM, afiliada à Rede Globo, foram apedrejados e incendiados. Os que foram liberados ontem pagaram fiança estipulada pela polícia. Para os outros dois, somente a Justiça arbitrou a fiança. Segundo o defensor Luiz Guilherme Ferreira, da ONG Advogados Ativistas, eles se declaram inocentes.
— Lá na delegacia, passou um longo tempo para que eles fossem escutados porque os PMs fizeram uma reunião para acertar o que seria dito nos depoimentos. Mais uma vez fica na cara que não acharam os culpados.
O advogado ainda diz que os quatro presos foram indiciados apenas com o depoimento de um policial militar infiltrado — conhecidos como P2. De acordo com Ferreira, “não houve uma comprovação material de autoria do crime”.
— Como agravante, a viatura que foi queimada era do capitão, que era o responsável pela operação de ontem. Então, ele teve documentos pessoais e várias coisas queimadas dentro da viatura. Ele não estava tão feliz. [...] No calor, eles querem alguém, querem mostrar alguém para a mídia.
Além dos quatro, dois membros da ONG Advogados Ativistas foram levados à delegacia. A PM alegava incitação ao crime e que eles tinham jogado pedras nos policiais. No entanto, segundo Ferreira, vídeos feitos por eles mostraram ao delegado que nada daquilo havia acontecido. Um dos advogados, André Zanardo, foi atingido por um tiro de borracha.
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Na noite de quinta-feira (17), ativistas invadiram o Instituto Royal — que faz testes farmacêuticos e cosméticos em cães — e retiraram do local 178 cachorros da raça beagle. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o furto e também se os animais sofriam maus-tratos dentro da clínica.