Sete policiais militares acusados de sequestrar e matar o jovem David Nascimento dos Santos, de 23 anos, foram libertados pelo Tribunal de Justiça Militar nesta quarta-feira (15). O crime aconteceu na noite de 24 de abril, na Avenida Presidente Altino, próximo à Comunidade o Areião, no Jaguaré, na zona oeste de São Paulo. Durante abordagem policial a supostos assaltantes que teriam atacado um motorista de aplicativo, segundo a versão dos PMs registrada no boletim de ocorrência.Leia mais: Em São Paulo, PM mata um negro por dia e protestos são frequentes A decisão desta quarta ocorreu durante o Conselho Permanente de Justiça do Tribunal de Justiça Militar, que decidiu soltá-los por 3 votos a favor e 2 contra. De acordo com o TJM, o promotor do Ministério Público Militar irá recorrer. No último mês, os policiais sargento Antônio Rodrigues do Carmo, sargento Carlos Alberto dos Santos Lins, cabo Lucas dos Santos Epindola, cabo Cristiano Gonçalves Machado, soldado Vagner da Silva Borges, soldado Antônio Carlos Rodrigues de Brito e soldado Cleber Firmino de Almeida viraram réus no caso. Eles respondem pelos crimes de delito de sequestro seguido de morte, organização de grupo para a prática de violência, falsidade ideológica e fraude processual. Todos estavam presos no presídio Romão Gomes preventivamente desde maio. Dos oito policiais envolvidos, apenas sete estavam presos. O oitavo PM havia sido solto anteriormente. David foi colocado em uma viatura da PM no dia 24 de abril e encontrado baleado e morto horas depois, durante uma ação da PM contra supostos criminosos que tinham assaltado um motorista de aplicativo. Policiais militares foram acionados para prestarem apoio a outra viatura que havia se deparado com um veículo Ônix ocupado por quatro homens em atitude suspeita que desobedeceram a ordem de parada dada. Na comunidade, os policiais encontraram um homem, motorista de aplicativo, que informou ter sido abandonado minutos antes por três indivíduos. Segundo ele, os assaltantes haviam exigido seus cartões bancários e senhas, mas não conseguiram consumar o roubo. Os policiais seguiram as buscas pelos suspeitos quando próximo a uma empresa desativada foram surpreendidos por um homem que efetuou disparos contra a guarnição. No revide, o suspeito foi atingido e socorrido ao Hospital Regional de Osasco, onde morreu. Com ele foi encontrada uma pistola calibre 9 mm de origem israelense que foi apreendida. A investigação da Corregedoria da PM concluiu que o jovem foi mantido "em cárcere privado com resultado morte". Apesar disso, os oito agentes envolvidos no caso não foram indiciados por homicídio. O documento diz que os suspeitos devem responder por falsidade ideológica, fraude processual, organização de grupo para a prática de violência e cárcere privado com resultado de morte. Indicando, portanto, que os policiais não tiveram intenção de matar David desde o início. A família de David lamenta e se indigna com a conclusão da PM. A tia do jovem disse que, ao fazer o reconhecimento do corpo, encontrou vários hematomas e ferimentos contundentes, resultados de tortura. Se os suspeitos tivessem sido indiciados por homicídio doloso, que é quando há inteção de matar, o caso sairia da Justiça Militar imediatamente e os policiais iriam a Júri Popular. No entanto, o caso também é investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, que pode chegar a outras conclusões.