Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Kalil cita 'irritação, Instagram e cartas' por trás de morte da mulher

Ginecologista diz à polícia que Ilana Kalil tinha "irritabilidade frequente" e fazia acompanhamento regular com psiquiatra

São Paulo|Do R7

Ilana Kalil foi encontrada morta na residência do casal, no Morumbi, em São Paulo
Ilana Kalil foi encontrada morta na residência do casal, no Morumbi, em São Paulo Ilana Kalil foi encontrada morta na residência do casal, no Morumbi, em São Paulo

O ginecologista Renato Kalil afirmou à polícia que a mulher, Ilana Ayris Kalil, encontrada morta na madrugada de segunda-feira (14) na residência do casal, localizada na região do Morumbi, em São Paulo, tinha "irritabilidade frequente" e fazia acompanhamento regular com um médico psiquiatra.

Leia também

Em depoimento, Kalil disse ainda que na madrugada da segunda-feira Ilana teria se irritado ao apagar a conta do Instagram e que ele teria uma caixa com cartas de despedida da mulher. Segundo o médico, ela havia tentado suicídio outras vezes com o uso de medicamentos e objetos.

O ginecologista informou à polícia que era casado há 15 anos e ambos tinham duas filhas. Ele disse que Ilana tinha "irritabilidade frequente", fazia acompanhamento regular com um médico psiquiátrico e utilizava medicação controlada.

No ano passado, segundo Kalil, Ilana teria tido duas internações em um hospital após tentativas de suicídio com uso de remédios e objetos. Mas, segundo ele, das vezes anteriores foi possível prestar os primeiros socorros e levá-la a hospitais, clínicas e atendimentos médicos.

Publicidade

A "irritabilidade" de Ilana, segundo o depoimento de Kalil, era "mais frequente", principalmente, diz ele, "quando ela imaginava o fim do relacionamento".

O médico disse ainda que, após anos de casados, a nutricionista revelou que sofreu abuso sexual na infância. "Algumas vezes ameaçou se matar e matar uma de suas filhas junto", diz o boletim de ocorrência.

Publicidade

Kalil afirma que "com exceção da irritabilidade, sempre tiveram bom relacionamento". Segundo o ginecologista, os problemas psiquiátricos se agravaram nos últimos dois anos. Nesse período, ela teria passado por psiquiatras e um neurologista. Além disso, teria ficado internada em duas clínicas.

Segundo o relato de Kalil, a arma utilizada por Ilana pertencia ao pai do ginecologista e estaria, de acordo com ele, com a documentação em dia. Ele ressaltou ainda que a esposa não sabia manusear armas.

Publicidade

De acordo com o médico, Ilana estaria "revoltada" por ter tido que apagar o Instagram por "questões que o casal vinha enfrentando". Ele disse ainda que a esposa teria gastado até uma hora para encerrar a conta no aplicativo para somente depois dormirem.

Depois de 40 minutos sem conseguir dormir, Ilana, conta Kalil, teria descido para a sala. De lá, às 3h36, ela teria ligado para Kalil para se despedir e mandado mensagens sequenciais. Nesse momento, segundo a versão dada à polícia, ele escutou os estampidos e teria descido rapidamente e se deparado com a esposa no sofá com sangue na boca.

À polícia, Kalil disse que tentou verificar o pulso de Ilana, da mão esquerda, e que a mão direita estava com a arma. Ele afirmou ainda que, com medo de as filhas verem a mãe no sofá desacordada, colocou a almofada sobre o rosto da mulher. Nesse momento, ele teria acionado socorro e a polícia.

No boletim de ocorrência, as autoridades policiais relatam que a polícia recebeu um acionamento para atender a uma ocorrência de tentativa de suicídio. Ao chegar ao local, a equipe encontrou o médico ginecologista Renato Kalil, que levou os policiais até uma sala onde estava a mulher Ilana Ayris Kalil no sofá, inconsciente.

Na sala, próximo à mão da vítima, do lado direito, estava uma arma de fogo, um revólver 357. Sobre a cabeça, havia uma almofada que tampava o rosto. A mão direita da vítima estava sobre o abdômen e a esquerda, caída. Também havia uma garrafa sobre a mesa e uma carta de despedida, conforme o boletim de ocorrência.

A informação foi confirmada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo. Ainda de acordo com a pasta, a morte foi registrada como suicídio no 89° DP (Portal do Morumbi).

Denúncias por violência obstétrica

Depois de ser alvo de denúncias por violência obstétrica, Renato Kalil começou a ser investigado pelo Cremesp e MP-SP (Ministério Público de São Paulo). O médico nega as acusações e afirma já ter feito mais de 10 mil partos ao longo da carreira, sem nenhuma reclamação nem incidente.

O caso veio à tona a partir do vazamento nas redes sociais de áudios e vídeo enviados pela influenciadora Shantal Verdelho a um grupo de amigos. Neles, ela relata o que ocorreu durante o nascimento de sua filha, Domenica, em setembro. "Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele [Renato] me xingava o trabalho de parto inteiro. Ele fala: 'Porr*, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, porr*'", conta Shantal no áudio.

Violência obstétrica é a expressão que caracteriza qualquer ofensa verbal ou física praticada contra mulheres gestantes, em trabalho de parto ou no período do puerpério — pelo médico, pela equipe hospitalar, por familiar ou acompanhante. Em 2014, a violência obstétrica foi reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma questão de saúde pública que afeta diretamente as mulheres e seus bebês.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.