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Lava Jato da PM: ex-coronel preso movimentou R$ 8 mi em imóveis

Oficial é acusado de participar de fraudes no DSA-CG, ligado à cúpula da PM

São Paulo|Gustavo Basso, do R7

Apartamento na Saúde foi comprado por Adriano em 2012 e vendido em 2015
Apartamento na Saúde foi comprado por Adriano em 2012 e vendido em 2015

O ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho e seus familiares próximos movimentaram, entre 2011 e 2015, mais de R$ 8 milhões na compra e venda de imóveis, apontam investigações feitas pela Corregedoria da Polícia Militar.

Adriano é acusado pelo Ministério Público de envolvimento em supostas fraudes em licitações no DSA-CG (Departamento de Suporte Administrativo), órgão ligado à cúpula da PM. O esquema — que incluía contratações de empresas de fachada — pode ter desviado R$ 300 milhões entre 2005 e 2012. 

Preso preventivamente desde março e expluso da PM em agosto, o ex-coronel negocia delação premiada com o Ministério Público.

Segundo levantamento feito pela Corregedoria da PM em cartórios, as compras de imóveis realizadas por Adriano e seus familiares se concentraram nos anos finais do suposto esquema, entre 2011 e 2012. Já as vendas teriam ocorrido entre 2013 e 2015, já após abertura de sindicância para apurar desvios no DSA-CG.


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Os documentos, obtidos pelo R7, mostram ao menos oito operações de compra e seis operações de venda tendo como comprador ou vendedor José Afonso Adriano Filho, a mulher dele ou um de seus três filhos. Ao todo, as operações movimentaram R$ 8.460.722,69.

Um dos imóveis negociados pelo ex-coronel fica em um prédio residencial no bairro da Saúde, zona sul da capital paulista. O apartamento foi comprado por R$ 350 mil em 2012 e vendido por R$ 500 mil em 2015.


A maioria dos negócios, porém, foi realizada em Itu, cidade a 106 km da capital onde mora o ex-coronel. Entre eles, estão duas compras realizadas em 2011, cada uma no nome de um filho diferente, de imóveis no valor de R$ 666 mil (totalizando, juntos, mais de R$ 1,3 milhão).

Em 2 de agosto, o MP pediu que os filhos de Adriano também sejam investigados. O texto do promotor Adalberto Denser de Sá Júnior diz que “há indícios de que eles colaboraram na ocultação do patrimônio adquirido com o dinheiro subtraído da Polícia Militar”.


A quebra de sigilos bancários permitiu ainda aos investigadores apurar que Adriano e familiares receberam R$ 18 milhões em depósitos entre 2005 e 2012, considerando apenas movimentações acima de R$ 5 mil.

Dados do Portal da Transparência do governo do Estado indicam que a remunerção líquida média do ex-coronel na época foi de cerca de R$ 8 mil.

Contatado pelo R7, Luiz Antonio Nunes Filho, advogado do ex-coronel, afirma que Adriano vai se manifestar sobre o caso oportunamente nos autos do processo.

Em depoimento ao TJM, o ex-coronel atribuiu as movimentações nas contas de seus familiares a negócios pessoais e pagamento de terceiros da Construworld (empresa que, segundo as investigações, era uma das firmas de fachada com contratos com a PM comandada por Adriano). Ele, porém, negou que o montante tenha chegado a R$ 18 milhões, reforçando que tem grande controle sobre suas contas. Na ocasião, Adriano não foi questionado sobre os imóveis.

A respeito dos supostos desvios no departamento ligado à cúpula da PM, a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirmou, em nota enviada à reportagem no último dia 2, que "a Corregedoria da Polícia Militar instaurou, em 2015, IPM [Inquérito Policial Militar] para investigar fraudes em licitações ocorridas na seção de finanças do Departamento de Suporte Administrativo da Polícia Militar". O inquérito foi relatado à Justiça Militar em abril de 2017.

Na mesma nota a secretaria disse que "não compactua com qualquer desvio de conduta e ressalta que todas as denúncias contra policiais, civis ou militares, são rigorosamente investigadas pelas respectivas Corregedorias. Se comprovada as irregularidades apontadas, os responsáveis podem penalizados civil e criminalmente".

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