Mais de 200 blocos cancelam participação no Carnaval de SP
Mesmo sem decisão oficial da prefeitura, organizadores dizem estar inseguros diante do aumento do número de casos de Covid
São Paulo|Mariana Rosetti, da Agência Record
Mais de 200 blocos cancelaram a participação no Carnaval de rua de São Paulo, antes mesmo do anúncio oficial da prefeitura, em decisão divulgada nesta quarta-feira (5) por meio de manifesto. O documento é assinado pelo Fórum de Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo, pela Ubcresp (União dos Blocos de Carnaval de Rua do Estado de São Paulo) e pela Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo.
No texto, os signatários dizem se sentir "totalmente inseguros quanto à possibilidade de realização do nosso Carnaval, quanto às alternativas possíveis para amparar toda a cadeia produtiva envolvida no evento".
Por conta disso, o cancelamento será mantido ainda que a Prefeitura de São Paulo autorize o evento, segundo as entidades. Aproximadamente 250 blocos compõem o grupo que assinou o manifesto.
As três entidades acrescentaram que não admitem a realização de desfile de blocos de rua "em lugares contidos, ao ar livre, como o Autódromo de Interlagos, Memorial da América Latina, Jockey Club, sambódromo e outros".
O manifesto foi publicado antes da decisão oficial da Prefeitura de São Paulo, que ainda não se posicionou sobre a realização do evento. Após o avanço da Covid-19 e da influenza no Brasil, a capital paulista é uma das poucas que ainda cogitam a festa. Nesta semana, Rio de Janeiro, Recife e Olinda (PE)confirmaram que não farão o Carnaval de rua.
Mais cedo, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, informou que nesta quinta-feira (6) a Vigilância Sanitária vai apresentar ao prefeito Ricardo Nunes um estudo do cenário epidemiológico da cidade. De acordo com o secretário, a cidade registrou um rápido aumento no número de casos de Covid-19 em curto espaço de tempo.
Sobre a possibilidade de mudança do desfile dos blocos de Carnaval para o Autódromo de Interlagos, Edson Aparecido afirmou que a realização de eventos em locais onde há o controle de pessoas vacinadas é mais segura.
Durante coletiva de imprensa na sede do Governo do Estado de São Paulo, nesta quarta (5), João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico, também se pronunciou sobre o tema.
Segundo Gabbardo, não há como fazer o controle do Carnaval de rua, uma vez que ele gera aglomeração imensa. Mesmo nos desfiles de escolas de samba, em que é possível controlar pessoas vacinadas e o uso de máscara, haverá aglomeração na entrada, na saída e nos transportes coletivos.
Segundo o membro do comitê, essa movimentação, no momento, representa um risco muito alto para a saúde pública.