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Megaoperação deve frear avanço do PCC nos estados, diz promotor

Fragmentos de cartas em rede de esgoto da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau possibilitaram chegar às ordens dadas ao Resumo dos Estados

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

Presídio de São Paulo abriga cúpula do PCC
Presídio de São Paulo abriga cúpula do PCC

Fragmentos de cartas apreendidos na rede de esgoto da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau foram utilizados nas investigações que possibilitaram deflagrar, na manhã desta quinta-feira (14), a Operação Echelon. A operação coordenada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo tem como objetivo atingir a estrutura que controla as ramificações interestaduais da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). 

Ao todo, os policiais estão cumprindo 59 mandados de busca e apreensão em 14 Estados. A Justiça decretou ainda prisão preventiva de 75 suspeitos, todos apontados como integrantes da facção. "A partir da apreensão de cartas na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau pelo setor de inteligência da administração penitenciária houve a instauração do inquérito policial para investigação", afirmou ao R7 o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Lincoln Gakyia.

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"O foco dessa operação era identificar e prender os responsáveis pela célula Sintonia dos Estados, membros ligados à cúpula da facção, que estavam dentro da P2 e autores das cartas com ordens para o Resumo dos Estados", afirma Gakyia. O Resumo dos Estados, segundo o promotor, são membros da facção em presídios ou em liberdade.


Por muito tempo, as cartas dos membros da organização criminosa saiam dos presídios por meio de visitas familiares e por advogados. Porém, foram identificados fragmentos de correspondências na rede de esgoto do presídio. "Foram instaladas redinhas nos vasos sanitários que capturaram pedaços de papel picado", diz o promotor. Nesse momento, em junho do ano passado, começaram as investigações que deram origem à Operação Echelon. 

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A operação, que conta com 300 policiais só no Estado de São Paulo tem como objetivo reduzir o crescimento da facção nos estados, diminuindo a capilaridade dos negócios do grupo. "São membros diretamente ligados à cúpula, que davam ordens na ausência dos líderes principais. Estamos atacando praticamento o nascedouro da organização", diz Gakyia. 

O promotor responsável pelas investigações afirma que, apesar de ainda não ser possível mensurar o impacto da operação no tráfico de drogas impulsionado pela organização, o PCC deve levar tempo para reconstituir essa célula atingida pelas investigações. Ele também afirma que há indícios de que os ataques ocorridos recentemente em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte foram orquestrados por membros do Resumo dos Estados. 


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"Essas ordens partem de São Paulo, onde está o núclelo decisório, e são difundidas até chegar aos outros estados", diz ele. "A facção perdeu pessoas com capacidade de dar ordens. Agora esses quadros terão de ser substituídos, o que significa que um elo da cadeia se rompe. A saída de drogas para países vizinhos certamente deverá ser afetada", afirma o promotor. 

Nos últimos quatro anos, o total de integrantes do PCC espelhados fora de São Paulo cresceu seis vezes, passando de 3 mil para pouco mais de 20 mil em 2018. A facção, que em São Paulo conta com 10,9 mil integrantes, está presente ainda em cinco países da América do Sul: Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai e Peru.

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