Morador de rua agredido por GCM teve uma fratura no punho
Agressor foi ouvido na delegacia e afastado depois que imagens foram divulgadas
São Paulo|Do R7, com Record TV

O morador de rua que foi agredido por um GCM (Guarda Civil Metropolitano) nesta quarta-feira (3) na zona sul de São Paulo sofreu uma fratura no punho. Samir Ali Ahmed Sati, de 40 anos, passou por atendimento no hospital e um raio-x mostrou a situação em que ele ficou.
— Minha mão agora está fraturada. Eu vou ter que acabar passando por uma cirurgia ainda. Vou passar 120 dias com o braço imobilizado e eu com emprego arrumado para mim trabalhar. A partir de amanhã era para mim estar trabalhando numa obra. Arrumei obra, arrumei casa para morar, arrumei tudo, mas como eu vou me apresentar numa obra com o braço fraturado?
Um vídeo gravado por um estudante de jornalismo que passava pelo local no momento da abordagem mostra as agressões sofridas pelo morador de rua. Nas imagens, Samir é jogado no chão, cercado e agredido. Em um dos momentos, a vítima tem seu braço torcido e é prensado contra a parede.
O GCM tinha solicitado que o morador de rua mostrasse na nota fiscal das roupas e objetos dele. Porém, ele não tinha nada que “provasse” que os seus pertences tinham sido comprados por ele.
— Ele falou: “você tem provas de que esses objetos são seus”? Eu falei: “como assim provas”? Se eu estou falando que é meu, é porque é meu.

Marcos Hermanson, de 19 anos, que presenciou e gravou a ação afirmou que a ação do guarda civil, que foi afastado depois que as imagens foram divulgadas, foi “desumana”.
— Ele pode me pegar na rua, tirar meu tênis e pedir uma nota fiscal e eu não tenho a nota fiscal do meu tênis. Ele vai dizer que é furtado? Ele não tem como provar isso.
O GCM que aparece agredindo o morador de rua foi ouvido na delegacia e liberado. Em nota, a Secretaria de Segurança Urbana de São Paulo informou que “a Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana vai apurar a conduta dos agentes”. Já a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania se posicionou contra a abordagem violenta e disse que a ação "não condiz com a política e a orientação da prefeitura".
No começo da madrugada, o prefeito João Doria divulgou um vídeo criticando a ação. Ele disse que a gravação mostra um guarda civil “exacerbando das suas funções”. O prefeito qualificou o ato como “condenável”. No começo da madrugada, Samir e a sua companheira foram levados para um abrigo e receberam a notícia de que a prefeitura conseguiu empregos para eles dois.
Assista ao vídeo das agressões: